O deputado federal Carlos Sampaio (PSDB-SP) afirmou nesta
segunda-feira, 28, que os 284 votos que calcula haver a favor do pedido de
impeachment da presidente Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados são
suficientes para aprovar o início da tramitação do processo por meio de recurso
no plenário, caso o presidente da Casa, Eduardo Cunha (PMDB-RJ), indefira os
pedidos de impedimento. Isso porque, pelo recurso, bastaria maioria simples (51 )
para aprovar o início da tramitação do processo de afastamento. No entanto,
segundo a Constituição, são necessários ao menos 342 votos em plenário para a
retirada de Dilma do cargo.
Durante seminário promovido pelo Instituto Fernand Braudel
de Economia Mundial, na capital paulista, Sampaio avaliou que Cunha deverá
indeferir os pedidos de impeachment de Dilma. Nesse cenário, explicou, a
possibilidade de recurso ao plenário é uma [vantagem] para a oposição, pois os
284 votos pró-impeachment já contabilizados ultrapassam os 257 votos
necessários requeridos pela maioria simples. [Quando iniciar as manchetes no
dia seguinte dizendo que iniciou o processo, temos clareza de que os que faltam
para atingir os 342 votos (para conseguir aprovar a matéria na Câmara) vão
aparecer], disse.
Pelos cálculos de Sampaio, mesmo com os recentes movimentos
de afago ao PMDB feitos pela presidente Dilma Rousseff ao oferecer novos
ministérios à sigla, há 20 deputados do partido que devem votar a favor do
impeachment. [Por mais que pareça que ela está ganhando fôlego, nossa visão é
de que ela não ganha. A tendência é piorar], afirmou. Na avaliação do tucano,
cada vez que a presidente tira um partido de sua equipe para dar mais espaço ao
PMDB, essa outra legenda descartada migra para o [outro lado]. [Ela faz pequenas
arrumações e a coisa desanda], disse o parlamentar.
O deputado prevê que, a partir da próxima semana, alguns dos
pedidos de impeachment devem começar a ser deferidos na Casa. Para ele, em
outubro esse processo ficará concluído, fazendo com que, em novembro, o
processo possa ser julgado pelos senadores, em sessão que deve ser presidida
pelo presidente do Supremo Tribunal Federal (STF). Segundo o tucano, a maior
resistência ao processo de afastamento de Dilma no Congresso vêm do PT, PR e do
PP. “Do PSB também, mas acho que muita gente do partido acabaria votando a
favor”, acrescentou. Para o parlamentar, Dilma [não tem vocação] para
renunciar.
Golpe
Carlos Sampaio afirmou que espera uma “receptividade
absoluta” da sociedade em relação ao processo de impeachment. De acordo
com ele, [não tem sentido falar em golpe]. [Não estamos cassando para o PSDB
assumir. Se (o mandato de Dilma) for cassado, quem a assume é o vice dela
(Michel Temer, do PMDB)], disse. O parlamentar avaliou que não se pode tratar
como golpe um preceito institucional como o impeachment. Para ele, a união de
juristas, como o advogado Hélio Bicudo, um dos fundadores do PT, em torno do
tema, deu mais [robustez] ao pedido.
Em caso de impeachment de Dilma, o parlamentar disse
acreditar que o PMDB [quer assumir o governo]. Já seu partido, o PSDB, [quer
saber como ajudar] esse novo governo que tomaria posse. [Não tem como ajudar a
Dilma], afirmou. Segundo o deputado, [a premissa que me move é que nada é pior
que Dilma]. Na avaliação de Sampaio, com o vice-presidente Michel Temer
assumindo o governo, [estaremos preparados para ver um governo de coalizão que
Dilma não está preparada para fazer]. [Nossa torcida é que, o Michel assumindo,
ele faça um governo de coalização com o que há de melhor, ou o País quebra.
(Diário do Poder)