Não é segredo para ninguém que a Rússia tem-se esforçado
para construir acordos comerciais que venham a diminuir a participação (e
influência) do dólar americano, desde o início da crise ucraniana (e mesmo
antes): a questão já foi abordada antes nestas páginas (veja: Gazprom prepara
emissão ?simbólica? de títulos em Yuan chinês;[1] Petrodólar em alerta: Putin
prepara-se para anunciar o ?Santo Graal? (Acordo de gás com a China): Rússia e
China prestes a assinar o ?Santo Graal? (Acordo sobre gás)[2]; 40 Bancos
Centrais apostam que esta será a nova moeda de reserva[3]).
Ora! Não é realmente ?ridículo? que alguém possa sequer
considerar viver fora dos limites ideológicos e… religiosos do Petrodólar?!
Porque, se um puder fazer isso, todos poderão e… Vocês sabem! Significará
para os EUA a hiperinflação, colapso social, guerra civil e tudo o que só
acontece em repúblicas de bananas como a Venezuela, que infelizmente não
possui, de sua, sequer uma moeda mundial de reserva para que lhe deem um
pontapé na…
Ou, pelo menos, é isso que os economistas keynesianos,
também conhecidos como grão-sacerdotes da já mencionada religião do Petrodólar,
nos querem fazer crer.
Ainda que essa não seja a notícia dos sonhos dos
?estadistas? ocidentais, a Rússia está trabalhando duro para pôr o dólar dos
Estados Unidos a comer poeira, pelo espelho retrovisor: a Rússia quer
substituir o dólar por um sistema monetário que seja livre do dólar. Em outras
palavras, como esse novo mundo está sendo chamado na Rússia, que um mundo
?desdolarizado?.
A Voz da Rússia, citando fontes da imprensa russa,
reporta que o Ministério das Finanças está pronto para iniciar um plano para
incrementar radicalmente a participação do rublo russo nas operações de
exportação, o que acarretará a redução do percentual nas transações em que se
usa o dólar americano. Fontes do governo creem que o setor bancário russo está
?preparado para organizar o aumento no número de transações em que se utilizará
o rublo?.
Conforme a agência de notícias Prime, dia 24 de abril o
governo organizou um encontro especial, cujo mote foi a procura de uma forma de
livrar-se do dólar nas operações russas de exportação. Experts de nível
superior dos setores energético, bancário e de agências governamentais foram
convocados e postos frente a certo número de medidas a serem tomadas, como uma resposta às sanções aplicadas à
Rússia pelos Estados Unidos [as ?sanções histéricas dos EUA?, como as
descreveu, bem, o ministro Sergei Lavrov, das Relações Exteriores da Rússia[4]].
Pois é… Se o mundo ocidental queria resposta russa ao
crescente número de sanções contra o país, está na iminência de vê-la.
A ?reunião de desdolarização? presidida pelo
vice-primeiro Ministro da Federação Russa, Igor Shuvalov, é prova de que Moscou
tem sérias intenções de parar de usar o dólar americano. A reunião seguinte foi
presidida pelo vice Ministro das Finanças, Alexey Moiseev, o qual declarou mais
tarde ao canal Rossia 24 que ?será incrementada a proporção atual de contratos
em rublo? acrescentando que nenhum dos especialistas e representantes de
bancos, ao serem inquiridos, viu qualquer problema no plano governamental de
aumentar a quota dos pagamentos em rublo.
Então, se você pensou que só Obama ?El Supremo? reinaria
sozinho mediante ordens executivas, você estava enganado. Os russos também
podem fazer o mesmo, com a mesma eficácia. É só clicar em ?ordem executiva de
troca de moeda?.
É interessante que, em sua entrevista, Moiseev tenha
mencionado um instrumento legal que pode ser descrito como ?ordem executiva de
troca de moeda?; disse que o governo russo tem o poder legal de obrigar as
companhias russas a comerciar uma percentagem de certos bens e serviços apenas
em rublos. Referindo-se aos casos em que essa proporção pode chegar a 100 , a
autoridade russa afirmou que ?seria um caso extremo e não posso dizer neste
momento como e quando o governo russo usará esse poder?. Ora bolas! Usará
sempre que entender que é preciso usá-lo!
Mas o mais importante não é que a Rússia tenha realmente
qualquer chance prática de implementar as medidas. O que realmente muda tudo é
que, hoje, há outras nações também interessadas em criar relações de comércio
bilateral livres do dólar. Esses países, sim, existem e não deve ser surpresa
para ninguém que dois deles já intensificaram essa prática: nada menos que Irã
e China. Vladimir Putin estará em visita a Pequim dia 20 de maio
próximo. Está aberta a estação de especulações sobre quais contratos de gás e
petróleo serão assinados entre Rússia e China e em rublos e yuans, não em
dólares.
Em outras palavras, em uma semana, veremos não apenas o anúncio
do ?Santo Graal? no acordo do gás Rússia-China do qual já se falou aqui, mas,
também, a evidência já agora praticamente certa, de que esses contratos
gigantes serão firmados exclusivamente em RUBLOS e YUANS e não em DÓLARES
AMERICANOS.
Já explicamos mais de uma vez: quanto mais o ocidente
hostiliza a Rússia, quanto mais pesadas se tornam as sanções, mais a Rússia
vê-se forçada a abandonar um sistema de comércio dominado pelo dólar americano,
voltando-se para a China e a Índia. Por isso, o anúncio a ser feito na próxima
semana é inovador e muito inovará. Mas é só o começo.
http://www.iranews.com.br/noticia/12143/ira-e-china
Tyler Durden*, Zero
Edge (trad. mberublue)
http://redecastorphoto.blogspot.com.br/2014/05/a-russia-prepara-reunioes-de.html