Um dos delatores da Operação Lava Jato, Fernando Moura,
ligado ao PT e ao ex-deputado e ex-chefe da Casa Civil José Dirceu (governo
Luiz Inácio Lula da Silva), foi solto nesta segunda-feira, 2, às 8 horas, por
decisão da Justiça. A soltura foi confirmada pela Polícia Federal (PF). Moura
foi preso com Dirceu na Operação Pixuleco, desdobramento da Lava Jato,
deflagrada em 3 de agosto.
Em troca de benefícios da Justiça, Moura fez delação
premiada e revelou detalhes do esquema de corrupção instalado na Petrobras
entre 2004 e 2014. No fim de setembro, o juiz Sérgio Moro, que conduz as ações
da Lava Jato, homologou a delação de Moura. A força-tarefa da Lava Jato chegou
ao nome de Moura a partir da delação do lobista Milton Pascowitch, que atuava
para a Engevix e usava a própria empresa, Jamp Engenheiros, para lavagem de
dinheiro de propina, de acordo com a operação.
No depoimento, Pascowitch relatou ter conhecido Moura depois
de a Engevix ter vencido uma licitação da estatal para a expansão do terminal
do gasoduto de Cacimbas 2, em 2004, no valor de R$ 1,3 bilhão. Na delação
premiada, Moura disse que participou de campanhas eleitorais do PT e citou, em especial,
a de 2002, quando o ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva foi eleito pela
primeira vez.
O papel de Moura era organizar eventos e levantar fundos. De
acordo com ele, como auxiliar do ex-secretário-geral do PT Sílvio Pereira,
ajudou a montar a equipe de governo ao entrevistar indicados do partido. O
lobista afirmou que propina supostamente paga pela empresa Hope Recursos
Humanos foi destinada a campanhas da legenda nas eleições municipais em 2004.
Segundo o empresário, 2 do contrato entre Hope e petroleira iam para o
diretórios regionais da sigla e 1 ia para ele mesmo.
Petrobras
Moura declarou na delação que recebeu pagamentos de US$ 10
mil mensais pela indicação, em 2003, do engenheiro Renato Duque à diretoria de
Serviços da petrolífera. Entre 2004 e 2012, o setor foi comandado por Duque –
apontado como braço da agremiação na Petrobras. A unidade é estratégica na
estatal e transformou-se num dos maiores focos de corrupção e propinas
desmantelado pela Lava Jato. (AE)
Foto: Diário do Poder