Henrique Alves diz que os parlamentares estão acelerando o
processo de apuração das denúncias. ?Estamos dando ao caso [de Argôlo]
tratamento rápido e eficaz. Encaminhamos para o Conselho de Ética, que já abriu
processo. O próprio partido dele está com processo interno contra o deputado?,
disse. ?É de se lamentar esse episódio que constrange profundamente a Câmara
dos Deputados?, acrescentou Henrique Alves. O Conselho de Ética do partido
Solidariedade abriu processo contra o deputado, que esta semana esteve no
plenário da Câmara e cumprimentou os colegas normalmente.
No entanto, na avaliação de Henrique Alves, as denúncias
contra parlamentares ?são exceção e não regra?. Na verdade, como mostrou o
Congresso em Foco, há 224 parlamentares respondendo a 542 inquéritos criminais
e ações penais apenas no Supremo Tribunal Federal (STF). Eles representam 37
dos congressistas. Nos cálculos do procurador-geral da República, Rodrigo
Janot, que considera processos sigilosos, há ?pouco menos de 300? deputados e
senadores investigados.
No último dia 15, o Conselho de Ética e Decoro Parlamentar
da Câmara abriu processo por suposta quebra de decoro contra o deputado Luiz Argôlo
por seu suposto envolvimento com o doleiro Alberto Youssef.
De acordo com reportagem do jornal Folha de S. Paulo,
Alberto Youssef teria bancado dois caminhões lotados de bezerros para Argôlo, a
um custo de R$ 110 mil. Já reportagem da revista Veja revelou troca de
mensagens atribuídas ao doleiro e ao parlamentar em que ambos supostamente
discutiam sobre pagamentos e saques de dinheiro. Conforme a publicação, após
uma dessas conversas, Youssef teria transferido R$ 120 mil para Vanilton
Bezerra, chefe de gabinete de Argôlo.
O processo foi gerado por uma representação protocolada pelo
PPS. A Mesa Diretora da Câmara aprovou, por unanimidade, o relatório da
corregedoria da Casa que defende a cassação do mandato de Luiz Argôlo. O
parecer, assinado pelo corregedor, deputado Átila Lins (PSB-PI), foi enviado ao
Conselho de Ética, que também aprovou o texto.
Românticas
O inquérito da Lava Jato revela uma troca de mensagens
românticas entre o doleiro Youssef e odeputado Luiz Argôlo (SDD-BA). Mensagens
eletrônicas interceptadas em 28 de fevereiro, às 8h33, mostram que deputado
cumprimentou e disse ao doleiro: ?Você sabe que tenho um carinho por vc e é
muito especial?. Yossef responde que também tem. O deputado continua: ?Queria
ter falado isso ontem. Acabei não falando. Te amo.? O doleiro concorda: ?Eu amo
você também. Muitoooooooooo<3?.
Youssef mantinha relações de proximidade com o deputado
André Vargas (ex-PT-PR), que deixou o partido para não ser expulso e ainda teve
que renunciar à vice-presidência da Câmara. Mensagens interceptadas pela PF
mostram que Vargas intermediou negócios do laboratório Labogen no Ministério da
Saúde. Um ex-assessor do então ministro da Saúde Alexandre Padilha foi
contratado para trabalhar no laboratório. Em mensagens para o doleiro, Vargas
disse que o próprio ministro teria indicado o funcionário. Revelada a troca de
mensagens entre os telefones celulares, Padilha negou a indicação. Depois,
Vargas passou a negar o que escrevera no torpedo para Youssef. Congresso em Foco.