Juiz diz que PF apreendeu com doleiro recibos de depósito em favor de Collor

O juiz Sergio Fernando Moro, da 13ª Vara Federal em
Curitiba, informou hoje (22) ao ministro Teori Zavascki, do Supremo Tribunal
Federal (STF), que a Polícia Federal (PF) encontrou comprovantes de depósitos
bancários em espécie em favor do senador Fernando Collor (PTB-AL). Segundo o
juiz, os comprovantes estavam no escritório do doleiro Alberto Youssef, durante
o cumprimento dos pedidos de busca e apreensão da Operação Lava Jato.

De acordo com relatório enviado pela Polícia Federal ao
juiz, ocorreram oito depósitos fracionados em espécie de R$ 1,5 mil; R$ 9 mil;
R$ 1,5 mil; R$ 9 mil; R$ 8 mil; R$ 9 mil; R$ 8 mil e R$ 4 mil em favor do
senador. Segundo a PF, os depósitos ocorreram em fevereiro, março e maio do ano
passado. Apesar dos achados da polícia, Moro afirma que o senador não é
investigado na operação.

?Relativamente ao material apreendido, juntado ontem nos
autos eletrônicos, foi este juízo alertado pela autoridade policial que nele
constam oito comprovantes de depósitos bancários em espécie que teriam sido
encontrados no escritório de Alberto Youssef e que teriam por beneficiário o senador
da República Fernando Affonso Collor de Mello. Apesar disso, observo que não há
qualquer indício do envolvimento do referido parlamentar nos crimes que já
foram objeto das aludidas oito ações penais propostas?, informou o juiz.

O juiz ressalta no documento que não seria possível
prever a apreensão de achados relacionados a um senador. ?Tal prova e eventual
relação entre o suposto doleiro e o referido senador era absolutamente
desconhecida deste juízo, tendo sido encontrada fortuitamente durante a busca e
apreensão. Inviável antes da busca, concluir pela presença de indícios de
crimes praticados por parlamentar e pela competência do Supremo Tribunal
Federal, já que surgiram somente após a diligência?, declarou.

No ofício enviado ao ministro, Sergio Moro ainda afirma
que não autorizou a Polícia Federal a fazer a diligência que encontrou
conversas entre o deputado federal André Vargas (sem partido – PR) e Youssef,
na qual teria sido marcada uma reunião na casa do deputado Cândido Vacarezza
(PT-SP).

?Muito embora o relatório preparado pela Polícia Federal
para a remessa do material do deputado federal André Vargas mencione o deputado
federal Cândido Vaccarezza, observo que a menção diz respeito a suposta reunião
dele com Alberto Youssef, sem que, em princípio, se possa inferir caráter
criminoso do evento em questão. Apesar do agente policial sugerir, no
relatório, a este juízo, que obtivesse confirmação de que determinado aparelho
de Blackberry pertenceria ao referido deputado, observo que este juízo não autorizou
essa diligência e a recomendação consta em relatório solicitado por este juízo
com o propósito específico de remessa do material ao Supremo Tribunal Federal?,
disse Moro.

Sérgio Moro também afirmou que o deputado Luiz Argôlo
(SDD-BA) não é investigado na Lava Jato, assim como o deputado André Vargas.
Durante as investigações, a PF captou conversas entre os parlamentares e o
doleiro que sugerem favorecimentos entre eles. ?Apesar da remessa, observo que
não há qualquer indício do envolvimento do parlamentar nos crimes que já foram
objeto das aludidas oito ações penais propostas?, garantiu o juiz.

As informações foram produzidas pelo juiz ao enviar ao
Supremo todas as ações penais oriundas das investigações da Operação Lava Jato,
conforme decisão do ministro Teori Zavascki. O magistrado entendeu que as
investigações deve ser suspensas devido à presença de parlamentares nos autos.

Procurada pela Agência Brasil, a assessoria do senador
Fernando Collor disse que não tinha conhecimento do assunto. (RBA)

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