O deputado José Carlos Aleluia (DEM-BA) irá prestar
esclarecimentos à Justiça de dentro de seu gabinete na Câmara. Ele será ouvido
como testemunha de um dos acusados de participar de esquema de [compra] de
medidas provisórias investigado pela Operação Zelotes. A decisão de autorizar a
colheita do depoimento no gabinete do parlamentar foi tomada nesta
quinta-feira, 28, pelo juiz Vallisney de Souza, da 10ª Vara Federal em
Brasília. O magistrado chegou a questionar se o gabinete possuía estrutura para
receber todos os que têm acompanhado os depoimentos da Zelotes: uma série de
advogados, réus presos, além do próprio juiz e do procurador Frederico Paiva.
Ainda na manhã desta quinta-feira, foi reiterado que será no
próximo dia 2 o depoimento do ex-ministro do Desenvolvimento, Indústria e
Comércio Exterior Miguel Jorge. Ele já prestou um depoimento à Polícia Federal
e admitiu ter levado ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva, em 2008, um
pedido do lobista Mauro Marcondes Machado, preso sob suspeita de intermediar a
[compra] de medidas provisórias no governo federal. A solicitação se referia ao
adiamento de uma norma ambiental que não interessava ao setor automotivo, que
ele representava. A previsão é de que o ex-ministro da Fazenda Guido Mantega
também seja ouvido na próxima segunda-feira, 2.
Nesta quinta, foram colhidos depoimentos de quatro
testemunhas no processo sobre [compra] de medidas provisórias, arrolados pela
defesa de Fernando César Mesquita. Ele foi porta-voz da presidência da
República no governo Sarney e já exerceu o cargo de secretário de comunicação
do Senado. De acordo com as investigações, Fernando Mesquita trabalharia com o
lobista Alexandre Paes dos Santos, o [APS], um dos envolvidos na negociação das
MPs e preso desde outubro.
Entre os ouvidos hoje estava o ex-ministro ad
Advocacia-Geral da União (AGU) Álvaro Ribeiro Costa. As audiências foram
breves, com poucas perguntas e breves explicações dos depoentes sobre a relação
com Fernando César Mesquita.
Parte dos depoimentos marcados para a tarde desta quinta-feira
foi adiada. Em alguns casos, as testemunhas serão ouvidas em outros Estados ou
por meio de carta precatória. Apenas dois dos nove depoimentos agendados para a
tarde estão confirmados até o momento. (AE)
FOTO: AGÊNCIA CÂMARA