PRISÃO DE MARQUETEIRO DE DILMA REFORLJA FRENTE DA LAVA JATO NO SETOR DE COMUNICAÇÃO

A prisão do marqueteiro do PT João Santana – responsável
pelas campanhas presidenciais de Dilma Rousseff (2010 e 2014) e Luiz Inácio
Lula da Silva (2006) – levou a força-tarefa da Operação Lava Jato a aprofundar
as investigações sobre o esquema de corrupção e fraudes no setor de comunicação
da Petrobras e também em outras áreas do governo. A Polícia Federal e o
Ministério Público Federal apuram se contratos de publicidade serviram para
ocultar propina.

Uma das frentes é que investiga a Editora Gráfica Atitude,
que pertence a dois sindicatos ligados ao PT. Responsável pela publicação da
Revista do Brasil, a empresa foi usada para o recebimento de R$ 2,4 milhões do
esquema de desvios da Petrobras segundo acusa o Ministério Público Federal.

Nos contratos envolvendo a estatal petrolífera, a PF
identificou entre 2004 e 2015 o repasse de R$ 676 mil pagos por intermédio de
duas das agências, uma delas a Heads Propaganda Ltda – prestadora de serviços
da estatal.

É uma pequena parte dos valores movimentados pela Editora
Gráfica Atitude. Entre 2010 e 2015 a conta na firma movimentou R$ 67,7 milhões,
segundo Relatório de Inteligência Financeira. Foram créditos de R$ 33,8
milhões, R$ 7,5 milhões depositados em terminais de autoatendimento.

A Gráfica Atitude é mais que uma prestadora de serviços de
longa relação com o PT. Ela nasceu de dois sindicatos cuja as histórias se unem
com a criação do partido: o Sindicato dos Metalúrgicos do ABC e o Sindicato dos
Bancários de São Paulo. O primeiro, de onde saiu Lula. O segundo, origem de
Vaccari e do tríplex que teria sido reformado para o ex-presidente pela OAS.

A Lava Jato intimou a Heads, contratada pela Petrobras, que
usou os serviços da empresa ligada aos sindicatos petistas, no final de 2015.
Determinou que ela respondesse de quem foi a [opção pela utilização dos
veículos de comunicação sob a disponibilidade da Gráfica Atitude]. Em 23 de
setembro, a Heads respondeu: [As veiculações foram decisões do cliente.
Apresentamos um fluxograma de trabalho, que demonstra as etapas do processo de
compra de mídia para o cliente Petrobras].

A agência forneceu cópias de 25 publicações feitas pela
Petrobras, por seu intermédio, entre 2008 e 2013, bem como as autorizações da
direção da estatal, que contam com assinatura do ex-gerente de Comunicação
Wilson Santarosa, ligado ao sindicato dos petroleiros em Campinas (SP) e amigo
do ex-prefeito Jacó Bittar (PT), que comprou o Sítio Santa Bárbara para que a
família de Lula usasse.

TSE

A Editora Gráfica Atitude já foi punida juntamente com a
Central Única dos Trabalhadores (CUT) por fazerem propaganda eleitoral ilícita
em favor da então candidata Dilma Rousseff, e contrária a José Serra, candidato
do PSDB em 2010.

Os ministros do Tribunal Superior Eleitoral (TSE) entenderam
que tanto a CUT como a gráfica desrespeitaram a legislação eleitoral ao
promoverem a candidatura de Dilma em jornal bancado pela central e em revista
produzida pela editora, respectivamente em setembro e outubro de 2010.

Condenação

O ex-tesoureiro petista João Vaccari Neto e ex-diretor de
Serviços da estatal Renato Duque são réus em processo em fase final – que deve
ser sentença do juiz federal Sérgio Moro ainda em março -, sobre a lavagem
desses R$ 2,4 milhões por meio de pagamentos de falsa propaganda.

O processo é o primeiro resultado penal do inquérito
1363/2015, aberto pela Polícia Federal para apurar o trânsito de propina entre
uma empreiteira do cartel que fatiava obras na Petrobras – o grupo Setal – e o
PT. O empreiteiro Augusto Ribeiro Mendonça revelou em seu acordo de delação
premiada que foi repassado R$ 4 milhões para a legenda por contratos nas obras
de duas refinarias (Repar, no Paraná, e Replan, em São Paulo).

Desse montante, R$ 2,4 milhões foram [ocultos] por meio de
propaganda paga por ele na Revista do Brasil, publicada pela Gráfica Atitude. A
realização de doações oficiais ao PT e publicação no órgão ligado aos
sindicatos teria sido pedido do ex-diretor de Serviços da Petrobras Renato
Duque, intermediado por João Vaccari. (Diário do Poder)

 FOTO: MARCELO CAMARGO/ABR

 

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