Base aliada cogita quebra de sigilo de Gabrielli em CPMI

Integrantes de partidos da base aliada da Câmara defendem
que a CPI mista da Petrobras foque suas investigações nos personagens centrais
da estatal e chegam até a apoiar a proposta, feita esta semana pela oposição,
de quebrar o sigilo bancário do ex-presidente da empresa José Sérgio Gabrielli.
Na próxima segunda-feira (2), o relator da comissão, deputado Marco Maia
(PT-RS), vai apresentar um plano de trabalho que deve ser questionado pela base
e pela oposição.

A maior preocupação do Palácio do Planalto é com os
deputados aliados. A avaliação é a de que, ao contrário da CPI formada apenas
pelos senadores, na CPI mista, que inclui a Câmara, o controle é menor, dada a
insatisfação dos deputados. Eles defendem que as investigações sejam
concentradas, destacando o fato de que a comissão, com 180 dias de prazo para
funcionar, vai atuar durante o período da Copa do Mundo, das convenções
partidárias e da campanha eleitoral.

Para o líder do PMDB na Câmara, Eduardo Cunha (RJ), a
CPI mista deveria, no início, requisitar documentos de investigações e da
Justiça e pedir a quebra de sigilos bancário, fiscal e telefônico dos suspeitos
de envolvimento em irregularidades. ?Não adianta chamar para depor agora?,
avaliou o peemedebista, que meses atrás liderou uma rebelião da base contra o
Planalto.

Com o aval da bancada do partido, Cunha afirmou que vai
propor, na reunião que decidirá o roteiro de trabalho da CPMI, que a apuração
sobre compra da refinaria de Pasadena poderia começar pela requisição de todos
os documentos que estão nos órgãos de fiscalização e os processos de arbitragem
e judiciais que correram foram do País.

O deputado Arnaldo Faria de Sá (PTB-SP), ex-integrante
da CPI dos Correios, que apurou o escândalo do mensalão, em 2005, disse ser
favorável a analisar documentos ao mesmo tempo em que são convocadas autoridades
e envolvidos para depor. ?Tem coisa errada (na Petrobras), o que falta é
materializar?, afirmou.

Na avaliação do petebista, o melhor período da estatal
para se achar ?alguma coisa? é durante a presidência de Gabrielli, de 2005 a
2012. ?Apoio a quebra de sigilo dele?, disse, referindo-se à sugestão feita na
primeira reunião da CPI pelo pré-candidato do PSDB à Presidência, senador Aécio
Neves (MG).

O deputado Júlio Delgado (PSB-MG), ligado ao também
presidenciável Eduardo Campos, defendeu que a comissão foque em aprovar no
máximo 15 requerimentos e não abra muito o leque de investigações no programa
de trabalho do relator. ?A gente não pode ficar tergiversando?, avaliou.

O socialista citou como o ?foco? da CPI mista a
investigação de Pasadena e das suspeitas que envolvem os ex-diretores da
Petrobras Nestor Cerveró (responsável pelo parecer que avalizou a compra da
refinaria) e Paulo Roberto Costa (preso até recentemente pela Polícia Federal
no curso da Operação Lava Jato). (Ricardo Brito/Agência Estado)

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