A Polícia Federal cumpre nove mandados de busca e apreensão
nesta segunda-feira (5) na casa do ministro do Tribunal de Contas da União
Vital do Rego e do ex-presidente da Câmara dos Deputados Marco Maia (PT). As
ações ocorrem em Brasília (DF), Canoas (RS), Porto Alegre (RS), Campina Grande
(PB) e João Pessoa (PB).
Vital e Maia são suspeitos de terem negociado propinas com
empreiteiros que estavam na mira da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito
(CPMI) da Petrobras, instalada no Congresso em maio de 2014. Naquela época,
Vital (PMDB-PB) era o presidente da CPMI, enquanto Maia era o relator,
responsável por elaborar um relatório final sobre os trabalhos dos
parlamentares.
O ex-presidente da empreiteira OAS Leo Pinheiro declarou, em
depoimento de delação premiada, que foi alvo de chantagens dos integrantes da
CPI, incluindo seu vice-presidente, senador Gim Argello (PTB-AL). Tanto Vital
quanto Gim foram indicados à CPI Mista da Petrobras pelo presidente do Senado,
Renan Calheiros.
De acordo com documento da Procuradoria-Geral da República,
a busca e apreensão deflagrada nesta manhã tem como objetivo [coletar elementos
probatórios comprobatórios da obstrução dos trabalhos da CPMI da Petrobras,
mediante favorecimento de empresários que deixariam de ser convocados a depor].
As investigações desse caso começaram quando o ex-líder do
governo no Senado, Delcídio do Amaral, revelou, em sua colaboração premiada,
que a CPMI da Petrobras foi utilizada para fazer negociatas. O relato do
ex-parlamentar petista foi confirmado por outros delatores, como os lobistas
Júlio Camargo e Augusto Ribeiro de Mendonça Neto e executivos das empreiteiras
Camargo Corrêa e Andrade Gutierrez, além de depoimentos de dirigentes da
construtora Engevix.
Segundo a PF, os executivos afirmam ter repassado valores
superiores a R$ 5 milhões para evitar retaliações e contribuir para campanhas
eleitorais.
Esta operação foi batizada de [Deflexão] e faz referência ao
verbo defletir, que significa provocar mudança ou alteração no posicionamento
normal de algo. Uma alusão ao fato de que, mediante propina, empreiteiros
investigados passaram à condição de blindados de uma eventual
responsabilização. (Diário do Poder)
Foto: Diário do Poder