A força-tarefa da Operação Lava Jato busca reforços para
agilizar o trabalho ampliado com os depoimentos dos executivos e ex-executivos
da Odebrecht signatários dos acordos de colaboração. Os procuradores se
subdividiram em equipes para formalizar no papel e em vídeo os termos de
delação das 77 pessoas ligadas ao grupo, entre elas, o presidente afastado
Marcelo Bahia Odebrecht e o patriarca Emílio Odebrecht. A meta é começar na
sexta-feira, 9, ou, no mais tardar, no início da próxima semana. Os depoimentos
começam nove meses após o início das negociações e serão realizados em várias
sedes estaduais do Ministério Público Federal. A pulverização em diversas
localidades tem como objetivo agilizar o processo e dificultar possíveis
vazamentos. Além de Curitiba, estão previstos depoimentos em Brasília, São
Paulo, Rio de Janeiro e Salvador. A força-tarefa se subdividirá em equipes de
procuradores da Procuradoria-Geral da República, que é quem fez o acordo de
delação premiada, e da Procuradoria em Curitiba, origem das investigações da
Lava Jato, e que ficará responsável pelo acordo de leniência (espécie de
delação para empresas). O grupo espera conseguir tomar os depoimentos até o dia
19, quando começa o recesso do Judiciário. Investigadores da força-tarefa e
advogados ouvidos pela reportagem, no entanto, admitem que devem conseguir
concluir tudo apenas em janeiro. Desse modo, no retorno do recesso, o ministro
Teori Zavascki deve receber todo a conteúdo do acordo para deliberar sobre sua
homologação. Só após a homologação as delações poderão ser utilizadas para
abertura de inquéritos ou na solicitação de medidas cautelares, como busca e
apreensão e prisão de pessoas citadas. A leniência será apresentada para homologação
ao juiz federal Sérgio Moro em fevereiro. Os executivos já detalharam, em
anexos, o que vão dizer e em troca já sabem a pena que irão cumprir. Marcelo,
por exemplo, cumprirá uma pena total de dez anos, na qual deve permanecer até o
final de 2017 na cadeia. Depois, passa a dois anos e meio de prisão domiciliar,
onde progride para o semiaberto e, por fim, para o regime aberto. Seu pai,
Emílio, será o único que cumprirá a pena daqui a dois anos. Isso porque, o
patriarca será o responsável pelo processo de reestruturação da empresa. No
caso dos executivos, além da prisão domiciliar, eles terão de pagar uma multa
que em alguns casos alcançou 60 do valor dos recebimentos no período das
práticas ilícitas. Por sua vez, a empresa negociou um acordo de leniência no
qual se compromete a pagar uma multa no valor de R$ 6,8 bilhões. O dinheiro
será parcelado em 20 anos e dividido entre Brasil, Estados Unidos e Suíça. [Ricardo
Brandt, Beatriz Bulla, Fausto Macedo e Fabio Serapião | Estadão Conteúdo].
Foto: Rovena Rosa/ Agência Brasil