TEMER AVISA QUE NÃO VAI RENUNCIAR E QUE PADILHA CONTINUA [FIRME E FORTE]

O presidente Michel Temer disse na manhã desta quinta-feira,
22, que não cogita renunciar ao cargo e que vai recorrer caso o Tribunal
Superior Eleitoral (TSE) determine a cassação da chapa Dilma-Temer. No próximo
ano, o tribunal vai julgar a ação que analisa se houve abuso de poder econômico
na eleição de 2014.

[Confesso que não tenho pensando em renúncia], afirmou o
presidente em café da manhã com jornalistas no Palácio da Alvorada. Ele não
descartou recorrer caso a decisão seja pela cassação da chapa. E em seguida
completou: [Serei obediente à decisão definitiva do Judiciário].

Ele ressaltou, contudo, que a depender dos desdobramentos do
julgamento no Judiciário em relação à chapa presidencial formada em 2014,
pretende recorrer em todas as instâncias possíveis. [Em havendo uma decisão
haverá recursos e mais recursos não só no TSE como no Supremo Tribunal Federal.
Mas o dia que o Judiciário tiver uma decisão definitiva eu serei temente a ela],
disse.

Na conversa, Temer também saiu em defesa do ministro da Casa
Civil, Eliseu Padilha, e ressaltou que o ministro [continua firme e forte no
governo]. [Não tirarei o chefe da Casa Civil. Não haverá mudança], disse.

A Coluna do Estadão revelou na edição desta quinta-feira que
Padilha pediu ao lobista Lúcio Funaro uma entrega de dinheiro no escritório do
ex-assessor da Presidência José Yunes. Funaro teria entregue a Yunes dinheiro
vivo repassado pela Odebrecht. A quantia foi de R$ 1 milhão, de acordo com a
Coluna. Um dos auxiliares mais próximos de Temer, Yunes deixou o governo após
vir à tona delação do ex-executivo da Odebrecht Cláudio Melo Filho. Ele narrou
uma reunião em que Temer teria pedido a Marcelo Odebrecht recursos para o PMDB.
Marcelo teria decidido repassar R$ 10 milhões, sendo que R$ 6 milhões teriam
ido para campanha de Paulo Skaf e R$ 4 milhões entregues ao ministro Padilha e
Yunes. À Coluna, Padilha disse que [não pediu] nada a Lúcio Funaro.

Delações

Em meio ao surgimento de novas acusações contra integrantes
da cúpula do governo, o presidente também adotou a estratégia de minimizar
possíveis impactos das delações, realizadas no âmbito da Lava Jato, ressaltando
que após essa etapa do processo, ainda há um longo caminho até o julgamento
definitivo pelo Judiciário.

[Digo com muita frequência que é interessante que no Brasil
se formou a seguinte convicção, se um delator mencionou o nome de alguém, ele
(o acusado) está definitivamente condenado e sei  lá o que leva um delator a dizer isso ou
aquilo], afirmou.

Ele lembrou ainda da carta que enviou, na semana passada, ao
Procurador-geral da República, Rodrigo Janot. No documento, ele pede celeridade
e critica o vazamento de trechos da delação do ex-executivo Cláudio Melo Filho,
acusado de ter pedido dinheiro para a campanha do PMDB. [Quando mandei a carta
para o procurador-geral, não me insurgi contra a Lava Jato… se tem 78, 80, 90
delações não pode soltar uma por semana. Digo que isso prejudica realmente, cria
um clima de instabilidade. Se for possível, acelere essas delações de modo que
elas possam logo ser remitidas ao Supremo Tribunal Federal, ao juízo
competente. Mas se nessas delações pessoas forem citadas, cada uma delas saberá
como justificar, como se defender], disse.

Ministérios

Além de defender a permanência de Padilha no comando da Casa
Civil, na conversa com os jornalistas, o presidente também afirmou que, no
momento, não pretende realizar uma reforma ministerial para poder fazer um novo
rearranjo entre os integrantes da base aliada.

[Não sei o que vai acontecer lá na frente. Não cogito
minimamente de fazer qualquer alteração… não há nenhuma intenção neste
momento de fazer qualquer modificação nos ministérios], disse. O presidente
adotou a mesma cautela ao ser questionado quando deverá anunciar o nome do novo
ministro da Secretaria de Governo. O nome mais cotado atualmente é do o líder
do PSDB na Câmara, Antônio Imbassahy (BA). [O nome da secretaria sairá no
momento oportuno], disse.

O presidente também considerou como reações isoladas
declarações de integrantes do PSB, que integra a base aliada, contrários à
permanência da legenda na aliança com o governo. ?O interessante é que embora
haja manifestações de que devem sair, isso nunca chegou a mim. E nas votações
do Congresso, ressalvada essa última [da renegociação da dívida dos Estados], o
PSB deu um número muito significativo de votos. Ou seja, quando alguns líderes
se manifestam não sei se tem repercussões dentro da bancada?, disse.

Caixa 2

A chapa Dilma-Temer recebeu dinheiro de caixa 2 da Odebrecht
na campanha de 2014, segundo delação da empreiteira à força-tarefa da Lava Jato
revelada pelo Estado. Os relatos, já documentados por escrito e gravados em
vídeo, foram feitos na semana passada durante os depoimentos de executivos ao
Ministério Público Federal. O advogado Gustavo Guedes, que defende Temer no
processo do TSE, disse que [desconhece absolutamente o assunto].

Além dos relatos das delações da Odebrecht, o Ministério
Público Eleitoral (MPE) afirma ter encontrado [fortes traços de fraude e desvio
de recursos] ao analisar as informações colhidas com a quebra do sigilo
bancário das gráficas Red Seg Gráfica, Focal e Gráfica VTPB, contratadas pela
chapa nas eleições de 2014. O presidente do TSE, ministro Gilmar Mendes,
relativizou, porém, a gravidade da prática ilítica.

A ação contra a chapa Dilma-Temer foi proposta logo após as
eleições de 2014 pelo PSDB com o argumento de que teria havido abuso de poder
econômico. À época, já havia acusação de uso de recursos desviados da
Petrobrás, alvo de investigação da Operação Lava Jato. A defesa da
ex-presidente nega irregularidades. A defesa do presidente argumenta que as
contas de campanha de Dilma e Temer eram independentes. (AE)

FOTO: MARCOS CORRÊA/ PR 

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