EM CARTA, DIRCEU CONTA ROTINA NO XILINDRÓ [VIDA PRODUTIVA E CRIATIVA]

Preso na Operação Lava Jato desde agosto de 2015, o
ex-ministro José Dirceu relatou em longa carta sua rotina no Complexo
Médico-Penal, em Pinhais, na Grande Curitiba. Na missiva enviada a amigos, o
petista conta a rotina na cadeia, a importância da disciplina, e chega a uma
conclusão: diz que [preso primeiro chora, depois chama a mãe e seus santos, e
faz remissão direito do condenado de abreviar a pena mediante trabalho, estudo
e leitura].

[Fora a remissão, o trabalho, a leitura, o estudo e a
escrita transformam a prisão em vida produtiva e criativa, além de passar o tempo
de maneira útil e agradável], afirma o ex-ministro, que elogia o acervo da
biblioteca do presídio: [Em geral, literatura brasileira e mundial, autoajuda,
espiritismo, cristianismo, catolicismo, correntes evangélicas. Nossos clássicos
– e outros atuais – estão à disposição].

Dirceu fala desde de como se ver refletido com a proibição
de espelhos ? [é preciso usar um prato grande e limpo] ? e o quanto a prisão favorece
o cuidado com a saúde. [Bebida, cigarro, gordura, ou é proibido ou não existe
simplesmente (?) O preso deve fazer exercícios todos os dias. No meu caso, 71
anos, é light. O importante é manter os músculos lombares fortes.]

Na parte final da carta, o ex-ministro faz críticas à
execução penal no Brasil e à [falta de trabalho, de colônias agrícolas e
industriais, e de escolas].

[O mais grave é a incapacidade do Judiciário-MPF e dos
juízes frente a um quadro de injustiça e ilegalidade único – 40 dos presos são
provisórios, não julgados. A tudo isso, soma-se a superlotação e degradação dos
presídios. Fora a corrupção ou mesmo o controle dos presídios pelo crime
organizado], escreve.

Dirceu foi condenado duas vezes na Lava Jato, pelo juiz
federal Sérgio Moro: a 20 anos e 10 meses de prisão em um processo e a 11 anos
e três meses de prisão em outro. (AE) 

Foto: Ed Ferreira

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