MARCELO ODEBRECHT MANDOU RECADO A DILMA: [ELA CAI, EU CAIO]

Em depoimento à Procuradoria-Geral da República, o
ex-diretor da Odebrecht João Nogueira disse que o empresário Marcelo Odebrecht,
ex-presidente do grupo, enviou recado ameaçador à então presidente Dilma
Rousseff para tentar frear as investigações da Operação Lava Jato. Marcelo
sinalizou que revelaria documentos sobre repasses ao caixa dois da campanha de
2014, na qual Dilma e Temer se reelegeram. [Ela cai, eu caio], disse o
empresário em mensagem de celular em poder dos investigadores.

João Nogueira contou que o empreiteiro se encontrou com o
governador de Minas Gerais, Fernando Pimentel (PT), logo após a reeleição da
petista, em Belo Horizonte.

[A intenção dele, ao encontrar com o Pimentel, era passar
mensagem à presidente Dilma, porque era notório que o Pimentel era muito
próximo dela. Essa mensagem eu entendi que era a comprovação por meio de
documentos que contribuições com recursos não contabilizados tinham sido de
fatos realizados à campanha dela, de 2014. Com isso, Marcelo Odebrecht
pretendia pressioná-la a tomar providências bastante mais contundentes],
declarou o ex-diretor. [Eram tempos já desesperadores], acrescentou.

Ainda no final daquele ano, Marcelo Odebrecht se reuniu com
a própria Dilma para cobrar providências em relação à Lava Jato. Segundo João
Nogueira, o empresário pediu que a presidente reeleita destacasse um
interlocutor do governo para tratar da Lava Jato com a empresa. De acordo com
ele, Dilma demonstrou preocupação por entender que não estava [blindada]. Entre
outras coisas, Marcelo queria que o Planalto intercedesse para que uma
reclamação da empreiteira Engevix contra o juiz Sérgio Moro fosse aceita pelo
Supremo Tribunal Federal (STF), retirando do magistrado paranaense a condução
das investigações – o que acabou não ocorrendo.

Os depoimentos de João Nogueira fazem parte do pedido de
inquérito apresentado pelo procurador-geral da República, Rodrigo Janot, para
avaliar possível tentativa de obstrução de Justiça. Por envolver o governador
petista, o caso foi enviado pelo STF ao Superior Tribunal de Justiça (STJ), que
analisará se há elementos para a abertura de inquérito. Pimentel e Dilma negam
o envolvimento com as irregularidades e dizem que jamais pediram doação por
caixa dois ou tentaram atrapalhar as investigações da Lava Jato. (Congresso em
Foco)

Foto: Congresso em Foco

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