MINISTRO ADMITE AFRONTA DE TEMER, PARA RENAN NÃO BOICOTAR REFORMAS

Tratorado pela rebeldia do senador Renan Calheiros
(PMDB-AL), o ministro dos Transportes, Maurício Quintella, não tomou como
afronta o fato de o presidente da República, Michel Temer (PMDB), ter cedido às
chantagens públicas feitas pelo líder do PMDB no Senado contra o governo. Mas
Temer e Quintella ficaram irritados, por ter de admitir a nomeação do
ex-senador paraense investigado na Operação Leviatã, Luiz Otávio Campos, para
comandar a Secretaria de Portos.

Ao aturar a nomeação do ex-assessor que demitiu em janeiro
para destravar a política portuária e evitar um escândalo no governo Temer, o
ministro Maurício Quintella decidiu não alimentar a fogueira eleitoral que lhe opõe
ao projeto de reeleição do enfraquecido ex-presidente do Senado, em Alagoas. E
não está incomodado com o fato de o Planalto ter liberado o novo secretário dos
Portos de se reportar a ele, hierarquicamente.

O motivo principal para Quintella receber com naturalidade o
que se apresenta como uma desmoralização e desrespeito ao seu cargo é o fato de
que teria sido convencido com antecedência, por Michel Temer, de que o governo
cederia à chantagem para superar dificuldades de cumprir a promessa central de
seu governo, que é aprovar as reformas.

[O presidente Temer ficou extremamente incomodado com essa
indicação. Ele passa por um momento delicado, precisa aprovar as reformas. E
não se aprova reformas sem o Congresso, muito menos sem o PMDB do Senado, que é
majoritário, lá. Por mais que o Renan esteja enfraquecido, ele ainda tem sua
fatia. E o placar da matéria deve ser apertado. A reforma é o cerne do governo.
Se a reforma da previdência não passar, a situação vai ficar gravíssima na
economia], disse uma fonte do Planalto ao Diário do Poder.

(Davi Soares- Diário do Poder

Foto: Edivaldo Junior

Tópicos