O ex-ministro e ex-governador da Bahia Jaques Wagner (PT)
afirmou que deveria ter devolvido o relógio de US$ 20 mil que ganhou do
empreiteiro Marcelo Odebrecht em seu aniversário, para evitar qualquer tipo
indicação de que poderia favorecer a empreiteira em contratos com o governo
baiano.
Segundo Wagner, o presente dado em 2012 foi aceito por conta
da [amizade de longa data] que ele tinha com Cláudio Melo Filho, ex-executivo
da Odebrecht e delator da Operação Lava Jato. [O cara era meu amigo, eu o
conheço desde o pai dele (Cláudio Melo). É um gostador de relógio, como eu sou.
Me deu o relógio], disse Wagner. [Se ele deu achando que ia me comprar, eu até
reconheço que não deveria ter recebido.]
A informação sobre o presente foi repassada aos
investigadores por Melo Filho. O relógio Hublot, modelo Oscar Niemeyer,
detalhou o delator, traz a imagem do Congresso Nacional ao fundo. Em outros
aniversários, disse Melo Filho, também foi enviado a Wagner um relógio da marca
Corum, modelo Admirals Cup.
[Recebi como um de amigo rico que está me dando um
presente], afirmou o ex-ministro. [Se ele achava que, por conta disso, ia
colher alguma coisa dentro do governo, é só ele dizer o que ele colheu dentro
do governo por conta do presente.]
Principal contato de Wagner com a Odebrecht, Melo Filho
afirmou que em 2006, 2010 e 2014 a empresa deu R$ 25 milhões em doações
eleitorais, via oficial e por caixa 2, para as campanhas do petista e para a
campanha do governador da Bahia, Rui Costa (PT), em 2014. Os pagamentos tinham
o aval de Marcelo Odebrecht. Ambos negam as irregularidades.
[Eu estou absolutamente tranquilo. No caso da Odebrecht,
minha relação sempre foi muito ruim. Meu primeiro ato de governo foi cancelar
um contrato que eles tinham feito com o governo anterior, do DEM], disse
Wagner. [Só quero que a Odebrecht aponte qual é a obra superfaturada que ele
teve dentro do governo baiano.] (AE)