Carmen Lúcia critica uniformidade de partidos políticos no país

A presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), ministra
Cármen Lúcia, criticou hoje (21) a organização dos partidos brasileiros, cuja
pouca diversidade, mesmo com grande quantidade, seria um dos principais fatores
da crise de representatividade política pela qual passa a democracia no país.

[Quem tenha tido o cuidado de ler os programas, e eu li
todos mais de uma vez, vê que não tem muita diferença no que eles [partidos]
oferecem, quais os seus objetivos, quais os seus principais compromissos],
disse Cármen Lúcia. [E nós vemos partidos, portanto, que não têm a diversidade
de programas que faria com que optando por um eu esteja dizendo não a outro.]

As declarações foram dadas no II Congresso de Direito
Eleitoral de Brasília, na Câmara Legislativa do Distrito Federal, ante uma
plateia formada em grande parte por deputados distritais e assessores
legislativos.

[Nós precisamos ter partidos programáticos, como é no mundo
todo, e não pragmáticos, como são muitas vezes os partidos políticos no Brasil],
afirmou a presidente do STF.

Partido da Mulher

Ela citou como exemplo o Partido da Mulher Brasileira (PMB),
que à época em que obteve seu registro na Justiça Eleitoral tinha em sua
diretoria somente homens. [Não é que tivesse que ter só mulheres, mas se ele
vai representar mulheres, que haja pelo menos a fala da mulher, para que ela
saiba porque que precisa de partido, se é que precisa, com este nome, ou se
mais uma vez se trata de retórica, ou seja, uma fala sem compromisso de
conteúdo], disse a ministra.

A ministra destacou a grande quantidade de legendas como uma
das dificuldades a serem enfrentadas por uma reforma política. [Termos mais de
30 partidos faz com que haja uma atomização de ideias, o que faz com que o
cidadão não se sinta representado por nenhum dos partidos].

Demonizar a política

Apesar do discurso crítico à estrutura partidária
brasileira, Cármen Lúcia voltou a afirmar o que já havia repetido em discursos
anteriores, que não se pode [demonizar] a política.

[Nós podemos ser contra governantes, porque é da democracia
a liberdade de opinar, de criticar e de se contrapor. Nós não podemos é ficar
contra a política, porque o ser humano ainda não inventou outra forma de
convivência no espaço plural de todos se não pela racionalidade que a política
nos oferece], disse a ministra.

[Demonizar a política não faz com que nós não tenhamos o
caos provavelmente em vários momentos]. (ABr)

Foto: Marcelo Camargo/ABr

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