Kofi Annan, um dos diplomatas mais célebres do mundo e um
símbolo da Organização das Nações Unidas, morreu na madrugada deste sábado
(18). Ele tinha 80 anos.
A morte de Annan foi confirmada em um tweet pela fundação que leva o
nome dele. De acordo com o anúncio, o primeiro negro a se tornar
secretário-geral da ONU morreu em um hospital na cidade de Berna, na
Suíça, depois de uma curta doença não especificada.
[Com imensa tristeza a família Annan e a Fundação Kofi Annan
anunciam que Kofi Annan, ex-secretário geral das Nações Unidas e prêmio
Nobel da Paz, morreu de forma pacífica neste sábado, 18 de agosto,
depois de uma curta doença], informou o comunicado.
[Onde quer que houvesse sofrimento ou necessidade, ele
estendeu a mão e tocou muitas pessoas com sua profunda compaixão e empatia],
disse a fundação.
Annan, que nasceu em Gana em 1938, passou praticamente toda a sua carreira como
administrador nas Nações Unidas, onde ingressou em 1962. Sua carreira na
ONU inclui passagens por postos na África e na Europa em quase todas as áreas
da organização, da administração do orçamento à manutenção da paz. Ele
cumpriu dois mandatos como secretário-geral de 1º de janeiro de 1997 a 31
de dezembro de 2006.
Ele era casado com a sueca Nane Annan, sobrinha de
Raoul Wallenberg, o diplomata sueco que salvou dezenas de milhares de judeus
dos nazistas na Segunda Guerra Mundial. E deixa três filhos, Ama, Kojo e
Nina.
Em 2001, ele e a ONU receberam conjuntamente o prêmio Nobel da Paz em 2001.
[É uma sensação maravilhosa e um grande encorajamento para nós e para a
organização, pelo trabalho que fizemos até agora], disse Annan à época, depois
de ter sido informado da escolha em sua residência oficial. [É um grande
reconhecimento para a equipe.] Aquela marcou a primeira vez que a ONU recebeu o
Nobel da Paz. Até então o único secretário-geral a ganhar o prêmio
até então havia sido o sueco Dag Hammarskjold, agraciado postumamente em 1961.
Durante seu mandato, Annan presidiu alguns dos piores fracassos e escândalos no
âmbito mundial, um de seus períodos mais turbulentos desde a sua fundação
em 1945.
Ele nunca teve decepções e contratempos pessoalmente. E
manteve sua opinião de que a diplomacia deveria ocorrer em particular e não no
fórum público.
Em seu livro de memórias, Annan reconheceu os custos de
assumir o principal cargo diplomático do mundo, brincando de que [SG], para
secretário-geral, também significava ?bode expiatório? em torno da sede da ONU.
O ex-embaixador dos EUA nas Nações Unidas, Richard Holbrooke, chamou Annan de [um
astro do rock internacional da diplomacia].
Depois de deixar seu alto cargo na ONU, Annan não
desistiu. Em 2007, sua fundação, instalada em Genebra, foi
criada. Nesse ano, ele ajudou a intermediar a paz no Quênia, onde a
violência eleitoral matou mais de mil pessoas.
Ele também se juntou ao The Elders, um grupo de elite de ex-líderes fundado por
Nelson Mandela, que sucedeu Desmond Tutu como seu presidente e tentou resolver
a crescente guerra civil na Síria.
Como enviado especial à Síria em 2012, Annan ganhou apoio internacional para
implantar um plano de seis pontos pela paz. A ONU enviou uma força de
observação de 300 membros para monitorar um cessar-fogo, mas a paz nunca se
firmou, e Annan não conseguiu superar o impasse entre os poderes do
Conselho de Segurança. Ele pediu demissão, frustrado, sete meses depois do
início da guerra civil.
Annan continuou a cruzar o globo. Em 2017, os maiores
projetos de sua fundação incluíram a promoção de eleições justas e
pacíficas; trabalhar com o governo de Mianmar para melhorar a vida no
estado problemático de Rakhine; e lutando contra o extremismo violento,
recrutando jovens para ajudar.
Ele também manteve-se atuante diante de problemas como a crise dos
refugiados, além de promover a boa governança, medidas anticorrupção
e agricultura sustentável na África. Outra de suas frentes de
trabalhou inclui esforços na luta contra o tráfico de drogas.
Annan manteve conexões com muitas organizações internacionais. Ele foi
chanceler da Universidade de Gana, membro da Universidade de Columbia, em Nova
York, e professor da Escola de Políticas Públicas Lee Kuan Yew, em Cingapura.
REPERCUSSÃO
[Kofi Annan foi uma força orientadora para o bem], disse o atual secretário-geral
da ONU, Antonio Guterres. [É com profunda tristeza que fiquei sabendo de
sua morte. De muitas maneiras, Kofi Annan foi a Organização das Nações Unidas.
Ele subiu nas fileiras para liderar a organização no novo milênio com inigualável
dignidade e determinação.]
O presidente de Gana, Nana Akufo-Addo, disse que Kofi Annan é
um imenso orgulho para seu país.
[Diplomata consumado e altamente respeitado ex-secretário-geral das Nações
Unidas, Kofi Annan foi o primeiro da África Subsaariana a ocupar essa exaltada
posição. Ele trouxe considerável renome ao nosso país por essa posição e por sua
conduta e comportamento em a arena global], disse. [Ele acreditava
ardorosamente na capacidade do ganense de traçar seu próprio curso no caminho do
progresso e da prosperidade.] (Diário do Poder)
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