Depois de dois dias de reunião em Brasília, o comando do PT
decidiu deixar excluir as autocríticas de um texto que servirá de base para os
rumos da legenda.
[Não tem autocrítica no texto. O PT faz autocrítica na prática. O PT fez financiamento
público de campanha, o PT está reorganizando as bases, o PT está com movimento
social. Nós não faremos autocrítica para a mídia e não faremos autocrítica para
a direita do país], afirmou a presidente do partido, Gleisi Hoffmann, no
encerramento de um encontro de dirigentes partidários em Brasília. Uma
versão inicial do texto trazia críticas ao governo da ex-presidente Dilma
Rousseff e apontava erros de Fernando Haddad durante a corrida presidencial, da
qual saiu derrotado para Jair Bolsonaro (PSL). O comando do PT se reuniu
pelo segundo dia seguido na manhã deste sábado (1º), encontro no qual aprovou
uma versão de texto que fala sucintamente em [equívocos] dos governos petistas
dirigindo, na verdade, as críticas à imprensa, ao judiciário e à elite.
O documento adotou ainda um tom elogioso a Haddad, apontando
que ele deve ser o próximo líder do partido. [Finalmente, é imprescindível
ressaltar nesse balanço que o companheiro Fernando Haddad se projeta como uma
nova liderança nacional do partido. Defendeu o legado do PT, ao mesmo tempo em
que simbolizou aspectos de renovação política e social de que o PT é capaz,
logrando conjuntamente com a militância democrática, da esquerda e do partido
chegar ao final do segundo turno com 47 milhões de votos. É com este saldo
político que Fernando Haddad poderá cumprir destacado papel frente aos novos e
complexos desafios da conjuntura], diz o texto aprovado neste sábado, que ainda
passará por alguns ajustes. Geralmente, um texto base é elaborado por um
grupo do comando petista e distribuído para os integrantes do Diretório
Nacional da legenda às vésperas da reunião, para que os grupos possam sugerir
alterações até o dia do encontro.
Desta vez, porém, a versão preliminar do documento, que
trazia críticas à política econômica do segundo de Dilma, causou incômodo em
integrantes da sigla –e a própria ex-presidente precisou fazer uma defesa
pública de sua gestão. Foi elaborada ainda uma nova versão, aprovada
neste sábado (1º) e na qual o PT manteve o discurso de que a prisão do
ex-presidente Lula foi responsável por viabilizar a vitória de
Bolsonaro. Ao deixar o encontro, Gleisi disse que o partido adotará
postura de oposição firme ao futuro governo. [Nós não vamos compactuar com
medidas que tirem direitos dos trabalhadores, como a reforma da Previdência,
não vamos compactuar com a privatização do Estado brasileiro, não vamos
compactuar com a violência contra as minorias] afirmou.
Ela repetiu ainda que o PT é alvo de ataques
[sistemáticos] por parte do Judiciário e criticou a atuação da
Procuradoria-Geral da República. A senadora classificou como ilegal o pedido da
PGR (Procuradoria-Geral da República) de que o dinheiro utilizado por Lula
na campanha seja devolvido. [Isso é ilegal, não tem base legal. O presidente
Lula foi candidato registrado. Aliás, a sua candidatura foi defendida até pela
ONU. Então não tem base legal para a PGR dizer que é uma candidatura natimorta
ou que é ilegal. A PGR deveria se envergonhar de estar pedindo auxílio-moradia,
isso sim. Em vez de estar fazendo proselitismo político], disse.
Dodge recorreu ao STF (Supremo Tribunal Federal), na
sexta-feira (30), para evitar que a derrubada do auxílio-moradia alcance os
integrantes do Ministério Público. Na segunda-feira (26) o ministro Luiz
Fux revogou decisões liminares de 2014 nas quais havia concedido
auxílio-moradia de R$ 4.377 a membros da magistratura. Com a reconsideração,
todos deixarão de ganhar o benefício. (Folhapress).
Foto: Exame