João de Deus deve ficar em cela com chuveiro frio e cama de alvenaria

Após ser interrogado na Delegacia Estadual
de Investigação Criminal (Deic) e passar por exame de corpo de
delito no Instituto Médico Legal de Goiânia, o médium João de Deus seria levado
para o núcleo de custódia do complexo penitenciário de Aparecida de Goiânia,
neste domingo (16). 

As informações são da Diretoria-Geral de Administração
Penitenciária de Goiás. O local é destinado a presos vulneráveis, como idosos e
de saúde mais frágil, e aqueles que correm algum tipo de risco. 

As celas da unidade possuem chuveiro com água fria e
camas de alvenaria com colchonetes. Não há informações se o médium dividirá o
espaço com outros presos. 

Diariamente, os internos têm direito a uma hora de banho de
sol e a quatro refeições: café da manhã, almoço, lanche e jantar. 

João de Deus se entregou à polícia na tarde
de domingo, depois de dias de negociações. Ele estava na zona rural, perto
de Abadiânia (GO), local onde mantém a Casa de Dom Inácio de Loyola, onde
teriam ocorrido os supostos abusos sexuais dos quais ele é acusado.

O encontro dele com as autoridades ocorreu na encruzilhada
de uma estrada de terra no município, às margens da BR 060. A negociação foi
feita entre o advogado de João de Deus, Alberto Toron, e a Polícia Civil.

No início da noite de domingo, em entrevista a jornalistas,
em frente ao Deic, o delegado geral da investigação que apura casos de
abuso sexual envolvendo João de Deus disse que as acusações contra o médium
serão definidas considerando caso a caso. 

A declaração de André Fernandes foi feita em entrevista
a jornalistas na noite deste domingo (16), em frente à Delegacia Estadual
de Investigação Criminal (Deic), em Goiânia, onde o médium
presta depoimento. 

Ainda segundo o delegado, os depoimentos das 15 mulheres
ouvidas até agora pela Polícia Civil de Goiás chamam a atenção pela
singularidade, na forma que descrevem o modus operandi do médium João de Deus
nos casos de abuso sexual.

Os depoimentos, colhidos em três inquéritos da Polícia
Civil, dois deles de agosto deste ano, são [contundentes, precisos] e com
muitos detalhes, de acordo com Fernandes.

[A palavra da vítima, nessas circunstâncias, tem relevância
muito grande. Está aí a necessidade de depoimentos detalhados], disse ele.

[Vários depoimentos que conseguimos reforçam um comportamento
de abuso e o padrão da ação.]

O delegado não revelou se houve quebra de sigilo bancário ou
telefônico de João de Deus. Ele disse apenas que [há provas que não podem
revelar por questões da investigação.]

Em casos cujos crimes já prescreveram, as vítimas poderão
servir como testemunhas de outros processos. Sobre a possibilidade de uma acareação
entre João de Deus e as mulheres que o acusam por abuso sexual, Fernandes disse
que isso ficará a critério do líder da investigação.

A polícia também apura se funcionários e voluntários que
atendiam na Casa de Dom Inácio de Loyola podem ter sido coniventes com os
supostos crimes. (FÁBIO FABRINI,Folhapress)

Foto: AP

 

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