Onyx usou verba pública para bancar voos durante campanha de Bolsonaro, diz Folha

O novo ministro da Casa Civil, Onyx Lorenzoni (DEM-RS), usou
verba pública da Câmara para participar de atos da campanha do presidente
eleito, Jair Bolsonaro, informa a Folha de S.Paulo. Entre as viagens
do deputado gaúcho custeadas pela Câmara, estão sua ida ao Rio de Janeiro para
acompanhar a oficialização
da candidatura de Bolsonaro
 
e o deslocamento do deputado gaúcho de
Juiz de Fora (MG) para São Paulo no dia
do atentado ao então presidenciável
.

Segundo a Folha, há no sistema da Câmara informação de
reembolso para Onyx de mais de 70 bilhetes cuja origem ou destino são
aeroportos do Rio e São Paulo, somando R$ 100 mil. Onyx integra o grupo de
parlamentares que coordenou a pré-campanha e a campanha de Bolsonaro. Ele
também chefiou a equipe de transição.

A cota para o exercício da atividade parlamentar (Ceap) é [destinada
a custear gastos exclusivamente vinculados ao exercício da atividade
parlamentar], de acordo com ato da Mesa Diretora. Pelas regras, não é permitido
o uso do benefício para fins eleitorais.

Conforme a reportagem, a Câmara registra reembolso para o
deputado de quatro bilhetes nos dias 6, 7 e 8 de setembro. De São Paulo para
Porto Alegre, de Porto Alegre para o Rio, do Rio para São Paulo e, por fim, de
São Paulo de volta a Porto Alegre.

[As viagens de Onyx para São Paulo e Rio que foram
reembolsadas pela Câmara se tornaram mais frequentes à medida que a campanha se
intensificava, a partir de julho. Uma equipe de coordenadores de sua campanha
trabalhava em São Paulo], destaca a Folha.

Discurso x prática

Há ainda passagens de assessores do deputado para
acompanhá-lo em viagens ao Rio ou a São Paulo. O pedido de ressarcimento de
despesas relacionadas à campanha eleitoral contradiz o discurso de Onyx em
defesa da redução dos gastos públicos.

Em entrevista coletiva na semana passada, ele disse que
abrirá mão de seu cartão corporativo e que, para reduzir despesas, optou por
não viajar em avião da FAB (Força Aérea Brasileira) durante o governo de
transição.

[Eu vou abrir mão do meu cartão corporativo. Mas acabar com
ele ainda é uma coisa que vai ser discutida. Aquela coisa de pagar jantar,
pagar vinho, pagar uísque não sei quantos anos, nesse governo não vai ter não],
afirmou. [Eu vou dar meu exemplo pessoal. Desde que eu fui nomeado ministro da
transição, eu poderia ter usado avião da FAB, eu nunca fiz isso], acrescentou.

De acordo com a Folha, Onyx não respondeu os
questionamentos do jornal sobre os deslocamentos fora das regras permitidas
pela Câmara.

Bolsonaro também usou sua cota parlamentar para custear viagens
pelo país em 2017 e, no primeiro semestre deste ano, para participar de eventos
em que era mencionada sua pré-candidatura à Presidência. Seu gabinete disse
que, na época, ele não estava em campanha para qualquer cargo. (Congresso em
Foco)

Foto: Valter Campanato / Agência Brasil

 

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