Deputado que se autodeclara ex-gay, Pastor Sargento Isidório propõe Dia Nacional do Orgulho Hétero

Novato no Congresso Nacional, o
deputado Pastor
Sargento Isidório (Avante-BA)
 protocolou, no dia 4 de fevereiro, o
primeiro projeto de lei que a Câmara recebeu nesta legislatura: quer
conferir à Bíblia
 o título de [Patrimônio Nacional, Cultural e
Imaterial do Brasil e da Humanidade].

O que o parlamentar não tinha
como saber, à época, é que sua ideia seria o pontapé inicial de uma curadoria
de projetos de lei [excêntricos] apresentados em casas legislativas pelo
Brasil. Colocado no Twitter, o perfil [Proposições que vão mudar sua vida]
atraiu mais de 20 mil seguidores em menos de um mês de existência.

A página é administrada pela
historiadora Marcella Viana e pela publicitária Mariana Oliveira, ambas com
experiência no Legislativo: Marcella trabalhou na Câmara Municipal de Macapá
(AP) e Mariana na Câmara federal em Brasília. As duas se dedicam a filtrar
projetos no parlamento nacional, em assembleias estaduais e câmaras municipais,
que sejam considerados [inusitados, polêmicos, engraçados e os que dividem opinião
mesmo, para gerar debate], como define Marcella.

O texto de Pastor Sargento
Isidório para a Bíblia foi apenas o início. [A gente achou isso tão absurdo que
pensamos: cara, a gente tem que fiscalizar eles. Temos que ficar olhando o que
eles vão fazer, porque não é de hoje que a gente vê esses projetos sendo
jogados nas casas legislativas de todo o Brasil. Isso gera um custo muito alto,
e a gente está passando por uma crise financeira que não é de agora], critica a
historiadora.

Dia do gol da Alemanha

O cardápio do @proposicoes é
extenso. Foram expostos requerimentos para regular distribuição de remédios
para disfunção erétil ([já achamos vários desses], diz Marcella), tentativas de
mudar a letra do Hino Nacional ou o lema da bandeira do Brasil e muitos pedidos
de criação de dias: Dia do [Eu Creio], Dia do Corno, Dia dos Vampiros, Dia do
Fã de Séries de TV e Cinema, Dia do gol da Alemanha (a ser celebrado em 8 de
julho, data do 7×1 na Copa 2014).

Foi com um projeto dessa natureza
que o perfil teve sua mensagem de maior alcance até o momento: quase três mil
pessoas curtiram o destaque para o PL 01085/2011 na Câmara Municipal do Rio de
Janeiro, em que Carlos
Bolsonaro (PSL-RJ)
, segundo filho do presidente Jair Bolsonaro, pede
para incluir o [Dia do Orgulho Heterossexual] no calendário oficial carioca.

A proposta de criar o Dia
do Orgulho
Hétero
, aliás, não é inédita: só a curadoria de Marcella e Mariana
resgatou o mesmo pedido em 2011, pelo ex-presidente da Câmara Eduardo Cunha
(MDB-RJ)
; em 2005, pelo então vereador de São Paulo Carlos Apolinário
(DEM-SP); e também em 2019, por Pastor Sargento Isidório, o mesmo que inspirou
a criação da página.

Um dos objetivos da dupla é
combater a ideia de que projetos de lei como estes são [inofensivos] à
sociedade. [Como eles [políticos] não têm pudor para aprovar esse tipo de
projeto, eles acabam lotando as câmaras. Mas a tramitação custa caro. Porque
vai da apresentação, passa pelas comissões, você paga servidor, você imprime
papel, você realiza a sessão para aprovar], observa a historiadora.

Para estimular o debate sobre o
assunto, as criadoras do perfil no Twitter – que têm ainda uma conta no
Instagram ? pretendem lançar, nos próximos dias, um podcast. [É uma forma de
mostrar para a população como é gasto o dinheiro público e também de questionar
os parlamentares], afirma. (Rafael Neves – Congresso em Foco).

Foto: Congresso em Foco 

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