A Comissão de Direitos da Mulher, presidida pela deputada
Olívia Santana (PC do B), realizou ontem a sessão especial “Mulheres na Luta:
Direitos, Resistência, Poder e Democracia”, que homenageou 15 personalidades
femininas de destaque na política e na sociedade civil e contou com as
palestras da deputada estadual pelo Estado de São Paulo Erica Malunguinho
(PSOL) e a ex-candidata a vice-presidente do Brasil, Manuela D’Ávila.
“Escolhemos estes temas para nomear a sessão pois eles estão
na ordem do dia e esta é uma opção política. Precisamos e queremos debater os
espaços das mulheres na política”, defendeu Olívia Santana. Para a deputada,
com índices tão baixos da representação das mulheres na política, é necessário
discutir as desigualdades de gênero e como ela se desenha privilegiando os
homens e que confina mulheres em determinados espaços sociais.
A secretária de Política para as Mulheres do Estado da
Bahia, Julieta Palmeira, endossou a fala da deputada e completou afirmando que
o contexto nacional de retirada de orçamento de políticas públicas destinadas
às mulheres se reflete nos estados. A secretária diz estar num momento de
resistência e de esperança em unir o Governo do Estado e a sociedade civil na
busca de alternativas mais integradas.
Inicialmente, a sessão foi comandada pelo deputado Nelson
Leal (PP), presidente da ALBA, que se disse emocionado com a “sessão
contagiante” e logo depois abriu espaço para as mulheres ocuparem toda a mesa.
Com a presença de representantes da política, da sociedade civil, do
Judiciário, o evento contou com a presença dos (as) deputados: Maria del Carmen Lula
(PT), Mirela Macedo (PSD), Fabíola Mansur (PSB), Jusmari Oliveira (PSD), Fátima
Nunes Lula (PT), Rosemberg Lula Pinto (PT), Fabrício Falcão (PC do B), Vitor
Bonfim (PR), Jacó Lula da Silva (PT), Ivana Bastos (PSD) e Robinson Almeida
Lula (PT).
IDENTIDADE
Deputada pelo Estado de São Paulo, Erica Malunguinho problematizou
os espaços de democracia e como os olhares de reparação são construídos dentro
dos estabelecimentos para construção de identidades. Primeira mulher trans a
ser eleita no Brasil, ela acredita ser necessário potencializar economicamente
e politicamente as mulheres negras. “Precisamos produzir narrativas diferentes
das produzidas nos espaços de poder. É fundamental que mulheres negras, LGBTs
estejam ocupando a institucionalidade para colocar, à mesa, histórias que foram
silenciadas durante muito tempo”, disse.
EXISTÊNCIA
Manuela D’Ávila relatou os casos de violência sofridos na
última eleição em que foi candidata a vice-presidência da República e como isso
repercutiu na sua vida e na forma como vem se organizando politicamente. Para
ela, a guinada de violência cometida contra as mulheres, o mês de janeiro foi o
mais violento entre todos da história, reflete também a posição de políticos
que proclamam o ódio e que banalizam casos de estupro.
A militante do partido comunista refletiu sobre as
desigualdades, que atingem as mulheres negras com mais rigor, e fez um discurso
sobre a necessidade de mulheres em espaços de poder. Exaltou a participação de
mães que estavam com seus filhos no plenário da ALBA e afirmou que isto só é
possível após muitos exemplos inspiradores. No final da sessão, Manuela
D’Ávila autografou o seu livro recém-lançado Revolução Laura.
HOMENAGEM
Com discursos emotivos e contundentes, as mulheres
homenageadas reivindicaram mais espaço na política e nos partidos, destacaram
as que corajosamente denunciam abusos e violências, e as inúmeras mulheres
invisibilizadas e silenciadas.
As homenageadas foram: Ednalva Bispo dos Santos, Domingas da
Paixão, Elisângela dos Santos Araújo, Raimunda Santos, Maria Izabel de Souza e
Silva; a apóstola Niara Souza; Nice Amaral Guimarães Baleeiro; Anabel de Sá
Lima Carvalho; Eva Luana da Silva; Milena Passos; as secretárias de Estado
Julieta Palmeira, Arany Santana, Fabya Reis e Cibele Carvalho. (Agencia
Alba)
Foto: NeuzaMenezes/AgênciaALBA