Em mais um capítulo de sua cruzada político-evangélica na
Câmara, o deputado Pastor Sargento Isidório (Avante) apresentou um projeto de
lei que proíbe a destinação de recursos públicos para ações relacionadas à
suposta ideologia de gênero. Tal vedação se aplicaria às fundações, autarquias
e empresas públicas da União, além de estados, Distrito Federal e municípios.
“É vedado aos governos federal, estadual, distrital e
municipal, aplicar recursos financeiros, de qualquer natureza, em ações de
difusão, implantação e valorização de ideologia de gênero, de forma direta ou
indireta”, diz a proposição, protocolada na última semana.
Na justificativa do texto, Isidório dá
sua versão sobre o termo “ideologia de gênero” – termo que, embora não
tenha base acadêmica, ficou popular no Brasil entre bolsonaristas na tentativa
de desqualificar estudos sobre o tema.
“Ideologia de gênero é uma abstração filosófica da
norte-americana Judith Butler que absurdamente quer ganhar força pregando e
tentando enganar a sociedade com a mentira que ninguém nasce homem ou mulher,
mas que cada indivíduo deve construir sua própria identidade ao longo da vida. ‘Homem’ e ‘mulher’, portanto, seriam apenas papéis sociais flexíveis, que cada
um(a) representaria como e quando quisesse?, descreve o parlamentar baiano,
autodeclarado “ex-gay”, sempre “em defesa da família”.
“Cada vez mais, grupos restritos querem tornar público
assuntos que são de caráter privado. Levar demandas do quarto para a sala e
querem usar como metodologia para tais absurdos a nefasta ideologia de gênero.”
Entre os projetos apresentados por Isidório em dois meses de
mandato estão o que cria o “Dia Nacional do Orgulho Heterossexual“ e o que
declara a Bíblia Sagrada como patrimônio nacional, cultural e
imaterial do brasil e da humanidade. (Alexandre Santos – bahia.ba)
Foto: Izis Moacyr/ bahia.ba