Os governadores ainda não se
engajaram junto às suas bancadas na Câmara em prol da reforma
da Previdência, o que se tornou uma queixa recorrente do presidente da
Casa, Rodrigo
Maia (DEM-RJ). “Os governadores precisam introduzir
votos”, reclama a interlocutores. Mas são os aliados mais próximos do
deputado – integrantes do Centrão,
grupo formado por Solidariedade, PP, PR, DEM e PRB – que afastam os chefes dos
Executivos estaduais da articulação em favor da proposta. Parlamentares desse
núcleo político ameaçam retirar da proposta de emenda à Constituição os trechos
que reformam as previdências estaduais e municipais.
“Não aceitamos, de jeito
nenhum, fazer reforma para governadores e prefeitos. Por que eu e os meus pares
vamos nos desgastar perante a opinião pública, enquanto o governador fica em
seu estado, numa boa, falando mal da reforma? O governador que faça a reforma
dele lá na Assembleia Legislativa. Nós não aceitaremos fazer reforma aqui para
os Estados e Municípios”, afirmou o deputado Paulinho da
Força (Solidariedade-SP), um dos nomes mais afinados com Rodrigo
Maia, na última terça-feira (23), na sessão em que a PEC da reforma foi
aprovada na Comissão de Constituição e Justiça (CCJ).
Apesar dos posicionamentos em sua
ala próxima, Rodrigo Maia acredita que, a partir do momento em que os
governadores assumirem para si a Previdência como uma pauta de interesse e
batalharem para conseguir votos junto aos deputados de seus estados,
naturalmente a “campanha contra” do Centrão cessará.
O presidente da Câmara tem
conversado com frequência com os chefes dos Executivos estaduais de todo o país
e analisado as reivindicações de cada local. A principal preocupação, por
exemplo, da região Nordeste, são as mudanças na aposentadoria rural e no
Benefício de Prestação Continuada (BPC). Já existe praticamente um consenso
entre os parlamentares, de forma geral, para retirar esses itens do texto na
comissão especial, instalada na última quinta (25) – lá será debatido o mérito
da proposta e, portanto, o local onde a PEC sofrerá mais alterações
estruturais.
Outra preocupação é sobre o
regime de capitalização que, julga-se, afetará a população mais pobre. A ideia
conversada nos bastidores é a construção de um “sistema híbrido”.
Contudo, ainda não há detalhes de como equilibrar o regime geral, existente
hoje, com o defendido a unhas e dentes pelo ministro da Economia, Paulo Guedes.(
Foco)
Foto: Renato Coelho/Agência
Brasília