|Se a Marina apoiar o PSDB, vai liquidar a nova política|, diz Aldo Fornazieri

|Se a Marina apoiar o PSDB, vai liquidar a nova política|,
avalia Aldo Fornazieri, cientista político e professor da Escola de Sociologia
e Política de São Paulo. Para ele, o candidato à Presidência da República do
PSDB, Aécio Neves, não tem |nada de nova política|.

No entanto, Fornazieri diz que teria a mesma opinião caso
Marina Silva (PSB), terceira colocada no primeiro turno das eleições
presidenciais, decidisse apoiar a candidata à reeleição pelo PT, Dilma
Rousseff. |Se ela fosse coerente com a campanha que fez e com a trajetória
dela, deveria ficar neutra. Aí você poderia acreditar que ela ainda teria uma
chance de viabilizar qualquer nova política.|

O professor afirma que apoiar o tucano Aécio mostraria que
Marina |enganou a população|, o que a tornaria uma alternativa política
“inconfiável e a expressão mais dura e mais viva da velha política”.

À direita

Para Fornazieri, as eleições de 2014 representaram uma
guinada conservadora. Ele diz que existem motivos para que os setores mais
progressistas da sociedade temam pelo retrocesso de direitos sociais e civis. A
eleição com votações expressivas de deputados federais como Jair Bolsonaro
(PP), no Rio de Janeiro, e Marco Feliciano (PSC), em São Paulo, entre outros, é
motivo para “grandes preocupações”, segundo o cientista político.

|É espantoso como a sociedade está à deriva, de certa forma,
e não se vê partidos capazes de dar direção política porque eles (os partidos)
se recusaram, se acovardaram diante das temáticas cruciais da sociedade|,
critica. |Os poucos que tiveram coragem de expor as ideias de forma franca
foram o Psol e, em parte, o Eduardo Jorge (PV).|

Apesar das constantes manifestações nas redes sociais de
decepção com o resultado das eleições após as manifestações de junho de 2013,
Fornazieri acredita que a sociedade, no geral, apelou para candidatos com
discursos e ações baseados na “ordem”. |Quando surgem manifestações e
elas têm um caráter espontâneo e ninguém as dirige, a tendência é um
retrocesso. A sociedade começa a apelar para a ordem.|

Sobre o desempenho do PT, o professor avalia que o partido
se |recusou a interagir e dialogar| com as manifestações, assim como outras
siglas que as ignoraram |solenemente|. |O único que tentou ter um diálogo maior
foi o Psol, mas é um partido pequeno, que não consegue dar direção à sociedade
como um todo|, pondera.

Oposição?

|A vitória do Alckmin é a expressão da falência do PT em São
Paulo|, ressalta o professor. Ele considera que o PT nunca fez oposição aos
governos tucanos no estado, |sempre manteve uma condição de conveniência e de
subserviência na Assembleia Legislativa|, enfatiza.

Fornazieri lembra um momento histórico quando, mesmo em
minoria, o PT teve uma bancada combativa e cumpriu papel decisivo. O exemplo é
baseado na capacidade de mobilização petista durante a Assembleia Nacional
Constituinte, na década de 1980, o que, de acordo com o professor, não ocorre
em São Paulo há muito tempo. “Os governos tucanos viveram num mar
tranquilo, governaram com toda a tranquilidade porque nunca tiveram oposição.”

O professor comenta que |há praticamente um colapso do PT em
São Paulo| e acredita que exista uma crise de perspectiva ideológica nos
métodos de fazer política por parte da legenda. Na opinião dele, o partido tem
de “se rever como um todo”.

Sobre a disputa pela Presidência, Fornazieri destaca que o
segundo turno será muito acirrado e que, independentemente de quem ganhar a
eleição, a negociação no Congresso Nacional será mais difícil, já que a
fragmentação partidária será ainda maior do que na atual legislatura. |Entendo
que os grande partidos, como PT, PMDB e PSDB, são responsáveis por esse caos
político que está criado no país, por essa fragmentação crescente na
representação congressual|, critica. (RBA)

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