A troca de mensagens entre o
ministro da Justiça e Segurança Pública, Sérgio Moro, e o procurador-chefe da
Lava Jato, Deltan Dallagnol, voltou a ser o centro dos debates no Plenário da
Câmara dos Deputados nesta quarta-feira (12). O tema já tinha sido discutido na
sessão de ontem do Congresso Nacional. As conversas divulgadas no domingo (9)
pelo site The Intercept Brasil lançam suspeitas sobre a
imparcialidade do então juiz Moro em relação à operação de combate à corrupção
e à lavagem de dinheiro.
A oposição cobra a demissão do
ministro e a instalação de uma Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPMI)
para apurar o conteúdo das mensagens e o possível comprometimento das
investigações. Já parlamentares pró-Moro defenderam a Operação Lava Jato, a
conduta de Sérgio Moro e de Dallagnol e criticam o vazamento.
Para o deputado Henrique Fontana
(PT-RS), Moro agiu como militante partidário, e todo processo que ele conduziu
e levou à condenação do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva é nulo. “É como
se um juiz de futebol fosse no vestiário de um dos times e dissesse: ‘Faça tal
jogada que garanto que marco o pênalti?’ O juiz jogou para defender um dos
lados, e quem perdeu foi o brasileiro.”
Já o deputado Boca Aberta
(Pros-PR) disse que a conduta de Moro é “ilibada, inquestionável,
irrepreensível e inoxidável”. Segundo o parlamentar, a ação do ex-juiz auxiliou
a desmantelar uma das maiores quadrilhas que roubaram os cofres públicos. Boca
Aberta ponderou, porém, que, se o ministro tiver cometido algum crime, que
responda por isso.
Vice-líder do PT, o deputado José
Guimarães (CE) defendeu a criação da Comissão Parlamentar Mista de Inquérito. “Nada melhor que uma CPMI para investigar as condutas ilícitas.”
Lava Jato
Alguns parlamentares vincularam a
defesa da ação de Moro e Dallagnol à defesa da Lava Jato.
O deputado Reinhold Stephanes
Junior (PSD-PR) argumentou que a operação mostrou ao Brasil não haver ninguém
acima das leis. “Vejo o PT chamar o Dallagnol e o Moro de bandidos. Isso é
absurdo. Graças a eles, por sua coragem e trabalho sério, empresários e políticos
que fizeram coisa errada estão na cadeia.”
Vice-líder do governo, o deputado
José Medeiros (Podemos-MT) afirmou que a oposição usa o vazamento das mensagens
para acabar com a Lava Jato. “A operação não pertence ao Moro e ao Dallagnol.
Ela é uma ideia e, portanto, indestrutível”, sustentou. Para Medeiros, o
sentimento de busca de combate ao crime continua presente na sociedade
brasileira.
O vazamento das mensagens é um
ataque para derrubar uma das “colunas” do governo Bolsonaro, segundo o deputado
Otoni de Paula (PSC-RJ). “Que os brasileiros estejam atentos. A guerra só está
começando, e todos que servem de coluna para o novo Brasil estão sendo
atacados”, declarou.
Por sua vez, o vice-líder do Psol
deputado Marcelo Freixo (RJ), disse que a investigação sobre as mensagens é de
interesse da Lava Jato, a fim de retirar eventual suspeita sobre a operação.
Deportação
O deputado Enéias Reis (PSL-MG)
defendeu a deportação do jornalista Glenn Greenwald, responsável pelo The
Intercept Brasil, por, na visão do parlamentar, causar problemas na política
brasileira. “Não podemos admitir que um estrangeiro seja contratado para
cometer crimes no território nacional”, comentou.
A deputada Maria do Rosário
(PT-RS), por outro lado, destacou que o texto constitucional proíbe extradição
de estrangeiro por crime político ou de opinião. “Aqueles parlamentares que
ocuparem a tribuna pedindo a deportação de um jornalista pela realização de seu
trabalho estão indo contra a Constituição.” (Agencia Câmara).
Foto: Divuggação/Agencia Câmara