Moro pede inquérito para apurar “tentativa de envolvimento indevido” de Bolsonaro no caso Marielle

O ministro da Justiça e Segurança
Pública, Sergio Moro, pediu ao procurador-geral da República, Augusto Aras, que
instaure um inquérito em parceria com a Polícia Federal para investigar a
prática de tentativa de obstrução à Justiça, falso testemunho ou acusação
caluniosa na citação do nome
do presidente Jair Bolsonaro
 nas investigações do assassinato da
ex-vereadora Marielle Franco e de seu motorista, Anderson Gomes.

Em ofício encaminhado nesta manhã
ao procurador-geral, Moro diz que há inconsistência nas investigações, pois os
registros da Câmara indicam que Bolsonaro estava em Brasília no dia em que um
dos suspeitos de matar a vereadora esteve no condomínio onde o presidente mora
no Rio, pedindo para se dirigir até sua residência. Mais cedo, Bolsonaro
afirmou que acionaria Moro para que a Polícia
Federal ouvisse o porteiro
, que diz ter recebido autorização de uma
pessoa que se identificou como o ?senhor Jair? na casa 58 do condomínio
Varandas da Barra.

“A inconsistência sugere possível
equívoco na investigação conduzida no Rio de Janeiro ou eventual tentativa de
envolvimento indevido do nome do Presidente da República no crime em questão, o
que pode configurar crimes de obstrução à Justiça, falso testemunho ou
denunciação caluniosa, neste último caso tendo por vítima o Presidente da
República, o que determina a competência da Justiça Federal e, por conseguinte,
da Polícia Federal e do Ministério Público Federal”, alega o ministro.

Segundo Moro, é possível que o
porteiro, que citou o nome do presidente em depoimento, tenha “simplesmente se
equivocado” ou sido “utilizado inconscientemente por terceiros para essas
finalidades”. Essa também tem sido a alegação de Bolsonaro, que atacou
a TV Globo
, autora da reportagem sobre o assunto, e o governador do Rio
de Janeiro, Wilson Witzel (PSC), em uma live.

“Oportuno lembrar que, na
investigação do crime de assassinato em questão, foi constatado, anteriormente,
espúria obstrução da Justiça, com a introdução de testemunha que
fraudulentamente apontou falsos suspeitos para o crime. A tentativa de
obstrução da Justiça só foi contornada com a atuação independente da Polícia
Federal e que contribuiu para identificação dos reais suspeitos pela prática do
crime em questão”, sustenta ele no ofício.

Somente a abertura do inquérito pela
PGR e pelo PF poderá garantir isenção nas investigações, diz o ministro. ?Para
que os fatos sejam devida e inteiramente esclarecidos, por investigação isenta,
venho através desta solicitar respeitosamente a V.Ex.ª que requisite a
instauração de inquérito para apuração, em conjunto, pelo Ministério Público
Federal e Polícia Federal, perante a Justiça Federal, de todo o ocorrido e de
todas as suas circunstâncias?, escreve o ministro. (Edson Sardinha ? Congresso em
Foco).

Foto: Isaac Amorim/MJSP

 

Tópicos