No dia 21 de setembro é celebrado o Dia Mundial da Doença de Alzheimer, condição neurodegenerativa que afeta milhões de pessoas em todo o mundo e que representa a principal causa de demência na população idosa. A cada ano, a data reforça a importância do diagnóstico precoce, da prevenção e do cuidado integral com pacientes e familiares.
De acordo com a médica neurologista Patrícia Schettini, nos últimos anos o avanço mais significativo ocorreu no campo do diagnóstico.
“Hoje já temos disponíveis biomarcadores que permitem identificar a patologia do Alzheimer antes da grande perda cognitiva. Isso significa que podemos classificar e categorizar a doença a partir de alterações detectáveis em exames como PET, líquor ou até testes sanguíneos, abrindo caminhos para intervenções precoces e terapias mais eficazes”, explica.
Testes de sangue: realidade mais próxima
Uma das grandes novidades é a chegada dos testes sanguíneos para detecção de placas amiloides, que já despontam como alternativa menos invasiva que a punção lombar e exames de imagem complexos.
“Esses testes já são uma realidade e tornam a investigação muito mais acessível. No entanto, ainda precisam estar associados ao contexto clínico, pois podem gerar falsos positivos ou negativos. É fundamental a avaliação médica para evitar ansiedade ou tratamentos desnecessários”, alerta Schettini.
Novos medicamentos aprovados
Outra frente de inovação está nos tratamentos com anticorpos monoclonais que atuam na remoção das placas amiloides do cérebro. Em abril deste ano, a Anvisa aprovou o uso do donanemabe (Kisunla) no Brasil.
“O medicamento é indicado para pacientes em estágios iniciais da doença, com comprometimento cognitivo leve ou demência leve, sempre mediante confirmação da presença da patologia amiloide. Os estudos mostraram desaceleração da progressão clínica, mas seu uso requer protocolos rígidos de monitoramento com ressonâncias seriadas e acompanhamento multiprofissional”, esclarece a neurologista.
Outro destaque é o lecanemabe (Leqembi), que em 2025 ganhou versão subcutânea.
“Essa formulação facilita o acesso, por ser administrada fora do ambiente hospitalar e de forma mais rápida. Ainda assim, exige acompanhamento clínico contínuo e monitorização por imagem, já que há riscos associados”, pontua Schettini.
Prevenção continua sendo essencial
Mesmo diante das novidades no diagnóstico e tratamento, a especialista reforça que quase 45% dos casos de demência podem ser prevenidos ou adiados com mudanças no estilo de vida.
“Exercício físico, nutrição adequada, estímulo cognitivo e social são medidas comprovadas que preservam a cognição. O sono também tem papel fundamental, funcionando como uma verdadeira ‘faxina’ cerebral. Tratar distúrbios como a apneia do sono é uma medida plausível e recomendada na prevenção do Alzheimer”, orienta.
Atenção ao cuidador
Além do paciente, a família e os cuidadores merecem atenção especial.
“Desde o diagnóstico, é preciso alinhar expectativas, organizar a rotina, garantir segurança no ambiente e envolver a família em grupos de apoio. Também é fundamental cuidar do cuidador, que enfrenta sobrecarga emocional e física ao acompanhar um ente querido em declínio”, ressalta a neurologista.
Neste Dia Mundial do Alzheimer, a mensagem é clara: diagnosticar cedo, investir na prevenção e apoiar os cuidadores são passos fundamentais para enfrentar a doença. (Ascom).
Foto: Divulgação/Ascom