Artigo – Zadir Marques Porto
Em mais um de seus registros marcantes sobre o esporte feirense, o jornalista Zadir Marques Porto resgata um período de ouro do futebol de salão em Feira de Santana — época em que o talento local colocou a cidade no topo da Bahia e entre as melhores do país. No texto ‘O futebol de salão de Feira de Santana já foi o número um da Bahia’, ele reconstrói a trajetória vitoriosa do Feira Tênis Clube (FTC) e a importância dos Jogos Abertos do Interior (JAIS), evento que projetou atletas e consolidou a Cidade Princesa como referência técnica e organizacional nas décadas de 1960 e 1970.
A leitura é um convite à memória esportiva e à valorização de um tempo em que o ginásio do FTC fervilhava de torcedores e emoções — e em que o futebol de salão era mais que um jogo: era símbolo de orgulho e identidade feirense
O esporte amador em Feira de Santana já viveu momentos inesquecíveis, em diversas modalidades e os Jogos Abertos do Interior (JAIS), nas décadas de 1960/1970, foram impulsionadores do seu crescimento técnico, em especial do futebol de salão, hoje rebatizado como futsal. Grandes equipes foram formadas na cidade a ponto de o Feira Tênis Clube – no futebol de salão – ser a mais expressiva agremiação baiana.
Surgidos em 1964 por iniciativa do Feira Tênis Clube (FTC), os Jogos Abertos do Interior (JAIS) tornaram-se o maior e mais importante evento do esporte amador da Bahia, de tal modo a jamais ser superado. Lembra Dázio Brasileiro Filho, na época membro da diretoria da extinta agremiação social, que o advento dessa competição foi uma forma de preencher o calendário do saudoso ‘Aristocrático’ na impossibilidade de promover a já tradicional Micareta, devido ao momento de exceção vivido pelo país, no período do governo militar, estabelecido pela denominada Revolução de 1964.

Foi formada uma comissão organizadora com o comerciante Dázio Brasileiro Filho, o então tenente do Exército Arlindo Barbosa da Silva, o bancário Geraldo Valter, os professores Evandro Oliveira e Oyama Pinto e o funcionário municipal Armando Curvelo de Menezes. Do primeiro certame, além de Feira – sede e campeã geral dos JAIS -, participaram: Santa Bárbara, Cachoeira, Jequié, Ilhéus e Juazeiro, que foi a equipe vencedora na modalidade futebol de salão hoje epigrafado modernamente como futsal.
A competição se repetiu durante anos com vários outros municípios se associando e a Cidade Princesa mantendo-se sempre nos melhores lugares nas diversas modalidades, inclusive algumas novas que foram adicionadas, dando maior brilho ao certame. Em especial os JAIS foram fundamentais para a evolução do futebol de salão na cidade com a realização do campeonato feirense e o campeonato de bairros que tornavam o Ginásio de Esportes Péricles Valadares, do FTC, pequeno para abrigar o púbico.
A evolução técnica do futebol de salão feirense foi tão expressiva que nas disputas com as equipes da capital, principalmente o Baiano de Tênis e o Clube Espanhol, o FTC passou a superá-las e a representar a Bahia em competições interestaduais. O economista sergipano Fanklin Rosewelt Santos, que foi goleiro no futebol de quadra de algumas equipes, lembra que mais ou menos entre 1970/1973 e até um pouco mais, o nível do futebol de salão do FTC era tão elevado que colocou o estado em destaque nacional. “Sergipe, Ceará, Bahia e São Paulo eram detentores do melhor futebol de salão no país, e na Bahia basicamente era Feira de Santana’’, ressalta.

No Nordeste sobressaiam-se as equipes do River, Vasco e Cotinguiba de Sergipe e o FTC, destacando-se entre os atletas feirenses: Zequinha, Esquimó, Rey, Artur, Macaco, Egberto, Fernando Malaquias, Jacaré, Ciró, Tanguinho, Coelho, Joel, Jodilton, Missinho, Alegria, Welf e Jairo Almeida. Franklin rememora o Pilão, uma boa equipe que representou aquela comunidade no campeonato de bairros vencido pelo Ypiranga da Rua Nova. No certame feirense destaca o time do Chapéu de Couro que foi campeão local. Em 1970 o São Paulo ficou com o titulo atuando com: Zequinha, Jairo Almeida, Bartola, Coelho, Cajueiro e Macaco.
O falecido Zequinha, que foi o melhor goleiro do futebol de salão da Bahia, opina, acrescentando que ‘As defesas espetaculares dele eram inspiradas em Filizola, goleiro do River de Sergipe’ e destaca que o atacante Robertinho, que defendeu o Bahia e o Fluminense de Feira, começou no futebol de salão sergipano ao lado de Motinha e outros que também passaram para o futebol de campo. Há muitos anos longe das quadras, Franklin observa que entre o tradicional futebol de salão e o futsal a maior diferença talvez seja a bola, ‘antes ela não pulava e pesava 800 gramas, hoje ela salta e pesa menos, 400 gramas, ou seja, a metade’.
Entende Fanklin que desse modo há mais facilidade para quem pratica o esporte, principalmente os goleiros, observando que vários deles já foram a ‘nocaute’ devido ao peso da bola original, inclusive ele, diante de um chute forte, até porque a ‘bicuda’ era um bom recurso, ou o principal, para o atacante superar o goleiro no antigo futebol de salão.
Zadir Marques Porto é jornalista, memorialista, músico e compositor
A coluna Feira em História é uma iniciativa da Secom/PMFS
09/11/25
@feirahoje→www.instagram.com/feirahoje

