Poder Legislativo reverencia trajetória do ex-deputado Paulo Jackson

Uma sessão especial, na tarde desta segunda-feira (19), na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), reverenciou a trajetória do ex-deputado estadual Paulo Jackson, falecido há exatos 25 anos, rememorando o legado de seus mandatos na Casa em defesa dos trabalhadores, das causas socioambientais e do saneamento básico. O tributo – iniciativa que o líder do governo, deputado Rosemberg Pinto (PT), fez questão de dividir, em discurso, com a Bancada do PT na ALBA – encheu o Plenário Orlando Spinola de representações de sindicato de trabalhadores de diversas categorias, associações, movimentos sociais e de ambientalistas, além de amigos, correligionários, admiradores e familiares do homenageado.

O proponente lembrou que a atuação do ex-deputado foi importante para formação de uma geração de políticos do partido, revelando que militaram juntos, na clandestinidade, antes da fundação do PT. “Foi um dos fundadores do PT na Bahia e um formador de quadros políticos, deixando discípulos e admiradores em diversas gerações – inclusive nesta Casa. Eu mesmo tive em Paulo Jackson uma referência. Aprendi com ele que fazer política não é apenas ocupar um cargo, mas defender princípios. Não é apenas debater ideias, mas transformar realidades”, disse Rosemberg Pinto.

Para o líder da maioria, Paulo Jackson foi um militante incansável da ética na política e sua atuação na ALBA marcou um tempo “em que a palavra tinha peso, o mandato tinha compromisso e o Parlamento era, de fato, uma trincheira de lutas sociais”. Acrescentou que seu exemplo se faz ainda mais necessário nos dias de hoje, com o avanço da intolerância, a banalização da mentira e a crise da representação. “Sua memória é um patrimônio da Bahia e, como todo patrimônio valioso, precisa ser preservada, contada e celebrada pelas futuras gerações”, defendeu.

O respeito e gratidão ao homenageado foram partilhados por ex-colegas presentes na sessão, que repetiram adjetivos como íntegro, combativo, coerente, corajoso e comprometido. Marcelino Galo, líder do PT na Casa, relatou sua convivência com o político desde o Sindicato dos Engenheiros, de onde Jackson saiu para fundar o Sindicato dos Trabalhadores em Água, Esgoto e Meio Ambiente no Estado da Bahia (Sindae), lembrando que o ex-colega morreu no exercício do trabalho de parlamentar, em um trágico acidente de ônibus, indo para uma reunião em Gentio do Ouro.

Contemporâneos do Parlamento, Moema Gramacho e Yulo Oiticica, ex-deputados liderados por Paulo Jackson, rememoraram os aprendizados dos anos de convivência com o então líder, destacando seu conhecimento profundo do Regimento Interno da Casa. Gramacho parafraseou a canção “Naquela Mesa”, de Sérgio Bittencourt, usando “naquela cadeira”, ao apontar o assento em que o correligionário costumava sentar. Oiticica citou versos de Saudade, de Clarice Lispector, afirmando que o ex-colega tinha como princípio revolucionário a solidariedade.

Da família do homenageado, estavam presentes a viúva Suzana Rocha Nascimento e os filhos Daniel e André; as irmãs Zalvira, Zoraide, Zenira e Idalina; os sobrinhos Tadeu e Tiago (acompanhado da esposa Cassia). Os netos de sua irmã Zalvira, Maitê e Benjamin, também prestigiaram a sessão e ouviram a avó, destacada pela família, discursar emocionada na tribuna: “Vivemos, nesses 25 anos, a ausência e a presença de Paulo”. Ela ressaltou, entre outras coisas, as bandeiras e sonhos do irmão pelo fortalecimento da democracia, da justiça ambiental e pela “defesa intransigente e radical da água como um bem comum, que não pode ser privatizada”.

O professor emérito da Ufba, Luiz Moraes, pediu um minuto de silêncio em memória do “amigo-irmão”, após o qual fez um longo pronunciamento, a pedido da família e da Associação Movimento Paulo Jackson – Ética Justiça e Cidadania, retratando conceitos, ideias, perfil e legado do petista. Entre outros assuntos, abordou a água como patrimônio ambiental sagrado, políticas públicas de saneamento básico e legislações pertinentes ao tema, além da luta contra privatização da Embasa, destacando que a luta de Paulo Jackson continuará “pela construção de uma nova ordem socioambiental, para além do capital, pautada na democracia, igualdade, liberdade, ética, justiça ambiental, solidariedade e participação social”.

Diretora-geral da Fundação Paulo Jackson, Michele Gramacho lamentou não ter, na entidade mantenedora da TV e Rádio da ALBA, registros dos pronunciamentos e intervenções do ex-deputado, já que sua fundação aconteceu bem depois da sua morte. Anunciou, porém, a produção de um documentário sobre a vida do ex-deputado que deve ser lançado dia 8 de junho, data do aniversário de nascimento de Paulo Jackson. Trecho da película foi exibido durante a sessão, que teve ainda momentos musicais ao som da voz e violão de Dan Duarte.

Também participaram da solenidade a deputada Maria del Carmem (PT); a coordenadora cível da Especializada da Instância Superior, defensora Walmary Pimentel, representando a defensora pública geral Camila Canário; o ex-presidente da Embasa, Abelardo Oliveira; o secretário-executivo do Conselho de Desenvolvimento Econômico e Social da Bahia, Jonas Paulo; e o diretor de Finanças do PT Bahia, Tássio Brito. (Agencia Alba).

Foto: Carlos Amilton/Ascom/Alba

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