“Promessas Vazias e Dívidas Crescentes: Crise Política Ameaça Governo da Bahia e Reforça Desgaste do PT no Nordeste”

Deputado aponta obras paralisadas, endividamento bilionário e prefeitos insatisfeitos como fatores para migração de aliados à oposição. Cenário descrito dialoga com queda nacional de Lula e sinaliza desgaste estrutural.

O líder da oposiçao na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), deputado Tiago Correia (PSDB), fez análise sobre a aprovação dos empréstimos do governo do Estado aprovados pela ALBA e a atuação do governo Jerônimo Rodrigues.

Análise e reportagem

O clima político na Bahia e no Nordeste vive um ponto de tensão crescente. Em meio a 22 pedidos de empréstimo, que somam mais de R$ 26 bilhões, já enviados à Assembleia Legislativa — dos quais 20 aprovados —, surgem críticas de que o governo estadual tem recorrido a promessas de obras para manter apoio político, mas sem capacidade real de execução.

Durante entrevista, o deputado ouvido pela reportagem descreve um cenário que, segundo ele, mescla frustração administrativa, insatisfação de prefeitos e endividamento acelerado, fatores que já provocaram a migração de parlamentares governistas para a oposição.


Promessas que não saem do papel

O parlamentar afirma que há um padrão recorrente na gestão estadual:

“O governo tem prometido muitas obras para cooptar prefeitos que não o acompanharam na última eleição. Mas os prazos vencem, e as obras não se iniciam.”

Ele reforça que parte das intervenções anunciadas durante a campanha anterior — em obras iniciadas ainda no governo Rui Costa — foram paralisadas, enquanto outras tiveram ordem de serviço assinada, mas nunca começaram.

Essa frustração teria efeitos diretos sobre a base política do governo:

“Prefeitos cobram seus deputados: ‘Cadê as obras? Quando começam?’ Muitos já ameaçam deixar de acompanhar seus parlamentares. Dois deputados da base já migraram para a oposição por entender que as promessas estão ficando no vazio.”


O alerta sobre o endividamento

A oposição, segundo o deputado, já levou o caso ao Tribunal de Contas do Estado e ao Ministério Público da Bahia:

“Encaminhamos representação para que acompanhem esses pedidos desenfreados de empréstimos. São mais de R$ 26 bilhões. A nossa preocupação é com a saúde financeira do estado — essa conta vai chegar.”

Ele relata que a receita líquida da Bahia caiu de forma vertiginosa em 2025, e que o Estado apresenta dificuldades para manter despesas básicas:

“O estado não tem caixa para tocar as obras já iniciadas. Ainda assim, segue prometendo novas. Não sabemos como serão custeadas.”

Apesar de o governo afirmar que há capacidade de endividamento, o deputado questiona:

“Não basta poder contrair empréstimo — é preciso saber onde esse dinheiro será aplicado.”

Ele argumenta que, apesar de sucessivos anúncios de investimentos, os resultados são negativos:

  • Segurança: “O estado diz que nunca investiu tanto, mas tem a pior segurança do país.”
  • Educação: “Fala que investe como nunca, mas tem o maior número de analfabetos adultos.”
  • Combate à fome: “A Bahia é campeã nacional em internações de bebês por desnutrição.”
  • Pobreza: “Temos 47% da população abaixo da linha da pobreza e 8,7% na extrema pobreza.”

“Esse dinheiro não está gerando resultados. Está sendo jogado fora. E vai faltar.”


Cenário eleitoral de 2026: mudança no ar?

Questionado sobre a disputa de 2026, o deputado afirma que o quadro político mudou radicalmente:

“Em 2022, Lula saía da prisão nos braços do povo, Rui Costa tinha mais de 70% de aprovação, e Lula teve 73% dos votos na Bahia. Agora, o cenário é outro.”

Ele aponta:

  • Lula com desaprovação recorde, caindo de 51% para 48% de aprovação, segundo pesquisas recentes.
  • Jerônimo Rodrigues com a maior rejeição da história de um governador baiano.

“Existe um sentimento de mudança. É isso que ouvimos no interior. O cenário é muito favorável para a oposição.”


Ligação entre o desgaste estadual e o nacional

Ao comentar a queda de popularidade de Lula, o deputado afirma que o movimento é parte de uma tendência mais ampla:

“A desaprovação de Lula tem crescido de forma linear desde o ano passado. O que acontece na Bahia está alinhado ao que acontece no país: as políticas do PT têm fracassado.”

Segundo ele, o descontentamento não se restringe à Bahia:

“Há um desejo de mudança em todo o Nordeste. Esse quadro está se consolidando.”


Conclusão

O cenário descrito revela um governo pressionado por dificuldades fiscais, obras paralisadas e promessas que não avançam, enquanto enfrenta desgaste político crescente e desconfiança até entre seus aliados. Ao mesmo tempo, o governo federal vive queda contínua de aprovação, reforçando uma percepção de esgotamento do grupo político que domina a Bahia há quase duas décadas.

A disputa de 2026, antes considerada previsível, agora se desenha como uma das mais incertas e estratégicas dos últimos anos — com impacto direto no futuro político do Nordeste e na força nacional do PT.

Soterópolis Noticias

Foto: Divulgação/Alba

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