Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg mostra desaprovação acima de 50%. Em entrevista, comentaristas da Jovem Pan analisam causas: frustração com expectativas, insegurança e impasses do governo.
A Pesquisa AtlasIntel/Bloomberg, divulgada neste dia 2, mostra que o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT) voltou a registrar desaprovação superior à aprovação. Segundo o levantamento, 50,7% dos entrevistados desaprovam o governo, enquanto 48,6% aprovam. O estudo ouviu 5.510 pessoas entre 22 e 27 de novembro, em todas as regiões do país, com margem de erro de 1 ponto percentual e confiança de 95%.
No Jornal da Manhã, da Jovem Pan, os analistas José Maria Trindade e Deysi Cioccari comentaram os motivos da queda de popularidade e o impacto para as eleições de 2025.
Soraya Lauand (apresentadora):
“Zé, qual o seu destaque desse levantamento divulgado hoje? O que pode explicar essa virada?”
José Maria Trindade – analista político:
“O grande debate para as eleições do ano que vem é justamente o grau de rejeição. Essa é a realidade — e o governo está preocupado com isso. Hoje, por exemplo, o presidente, nessa viagem ao Nordeste, tenta afagar seus eleitores e, principalmente, reduzir a rejeição, que está aumentando inclusive na região.”
Ele continua:
“Isso reflete o momento político e a própria gestão. Gilberto Kassab mostrou que o governo está andando sem recursos, o que dificulta a governabilidade. Debates ideológicos também jogam o pêndulo de um lado para outro.”
Segundo Trindade, o dado mais sensível é o impacto eleitoral da rejeição:
“Uma rejeição acima de 50% merece atenção no segundo turno. Se o adversário não tiver rejeição tão alta, ele pode vencer no voto do ‘menos pior’. O governo tenta reagir: houve momentos em que ganhou fôlego com pautas de nacionalismo e soberania, mas agora o eleitor de centro — aquele que oscila — está cobrando mais do que o governo consegue entregar.”
Trindade ainda compara Lula a Bolsonaro:
“Hoje, Bolsonaro tem uma resistência maior. Mas veja a situação dele e a de Lula: o presidente é, por enquanto, candidato único, sozinho no palanque, viajando pelo país.”
Roberto Nonato (apresentador):
“Deysi, vimos um crescimento da aprovação no período do tarifaço, mas agora temos nova queda e aumento da rejeição. É duro olhar esses números, porque revelam que projetos e planos talvez não estejam convencendo a população.”
Deysi Cioccari – analista política:
“Nonato, especialmente em período eleitoral, a rejeição pesa muito mais do que a aprovação. Já vimos governantes que tinham índice baixo de intenção de voto, mas, como não eram muito rejeitados, conseguiram virar o jogo.”
Para Deysi, o número atual revela um fator central:
“O principal é o cansaço com expectativas futuras. O ‘Lula 3’ foi eleito sob um clima de esperança — a ideia de que iria ‘normalizar’ o Brasil, acabar com a miséria, controlar inflação e desemprego. Prometeu resolver todos os problemas. Criou-se uma expectativa muito alta, e isso não aconteceu.”
A analista detalha o descompasso entre promessa e realidade:
“Há sensação de desemprego elevada, mesmo quando os números parecem melhorar. A informalidade domina. A insegurança cresce, o feminicídio aumenta. A promessa de um Brasil quase perfeito não se materializou. Esse choque gera frustração e aumenta a desaprovação.”
Ela também aponta um ambiente político instável:
“Vivemos uma instabilidade cotidiana: o governo promete melhora, mas não entrega. E, junto com isso, cresce a desconfiança institucional. Estamos às vésperas de um novo período eleitoral, com polarização e um presidente que prometeu muito — e entregou pouco até agora.”
Finalização
A pesquisa acende um alerta precoce para o Palácio do Planalto. Embora Lula mantenha base sólida em parte do eleitorado, o aumento da rejeição — especialmente acima de 50% — cria riscos reais para 2025. Ao mesmo tempo, analistas destacam que, mais do que índices econômicos pontuais, pesa hoje o sentimento generalizado de frustração e insegurança.
A disputa eleitoral, como apontam os comentaristas da Jovem Pan, deverá ser moldada menos pela aprovação e mais pela rejeição — e, nesse campo, o governo ainda terá de enfrentar desafios que vão muito além da comunicação ou das viagens oficiais.
A disputa eleitoral, como apontam os comentaristas da Jovem Pan, deverá ser moldada menos pela aprovação e mais pela rejeição — e, nesse campo, o governo ainda terá de enfrentar desafios que vão muito além da comunicação ou das viagens oficiais.
Da Redação – Soteropolis Noticias
Foto: Ricardo Stuckert

