O ex-presidente Jair Bolsonaro (PL) tem resistido a indicar o governador de São Paulo, Tarcísio de Freitas (Republicanos), como seu sucessor na corrida presidencial de 2026. A posição, relatada por interlocutores próximos, tem gerado apreensão entre partidos de centro e aliados da direita, que veem em Tarcísio o nome mais viável eleitoralmente para enfrentar o presidente Luiz Inácio Lula da Silva (PT).
Segundo aliados, críticas recorrentes ao governador por parte de nomes próximos a Bolsonaro têm influenciado sua disposição. Há incômodo com movimentações que tentam projetar Tarcísio como presidenciável, mesmo diante de sua insistência pública em disputar a reeleição ao governo paulista.
Um dos pontos de desgaste mencionados por aliados de Bolsonaro é a suposta falta de solidariedade de Tarcísio em momentos de dificuldade política do ex-presidente, especialmente em relação às decisões do STF (Supremo Tribunal Federal). As pontes do governador com o tribunal, segundo essa leitura, não resultaram em benefícios concretos ao bolsonarismo.
Neste cenário, Bolsonaro tem sinalizado que prefere lançar alguém do próprio clã. A ex-primeira-dama Michelle Bolsonaro é a mais citada nos bastidores, embora alguns aliados desconfiem da viabilidade de sua candidatura. O deputado Eduardo Bolsonaro (PL-SP), atualmente nos EUA, também é apontado como possível nome.
Apesar da inelegibilidade imposta pelo TSE (Tribunal Superior Eleitoral), Bolsonaro mantém publicamente o discurso de que será candidato. Em entrevista à Folha em março, afirmou que pretende registrar sua candidatura mesmo com o impedimento legal.
Lideranças do centro que se alinham com a direita demonstram preocupação com o risco de Bolsonaro insistir até o último momento em seu nome, dificultando a organização de uma campanha nacional competitiva. Parte dessas lideranças avalia que, caso o ex-presidente opte por Michelle ou Eduardo, pode abandonar a coalizão de direita e apoiar a reeleição de Lula.
Tarcísio, por sua vez, tem reforçado que pretende permanecer em São Paulo. Ele tem recusado convites para agendas em outros estados e evita se posicionar como presidenciável, em uma tentativa de manter sua lealdade a Bolsonaro. Aliados do governador negam qualquer distanciamento e lembram que ele foi testemunha de defesa do ex-presidente em processo sobre a tentativa de golpe de 2022.
Nos bastidores, no entanto, há uma ala do bolsonarismo que desde 2022 desconfia das intenções de Tarcísio. Com a proximidade do calendário eleitoral, cresce a tensão entre os partidos de centro-direita e o entorno de Bolsonaro, que aguardam sua definição.
Para aliados, qualquer candidatura da direita que não conte com o apoio do ex-presidente tende a fracassar. Por outro lado, uma candidatura bancada apenas pelo bolsonarismo mais fiel, mas sem aceitação no restante do espectro político, também corre risco diante de Lula.
O próprio Bolsonaro tem cobrado maior engajamento de governadores de direita em sua defesa pública. Em entrevista ao UOL, criticou o silêncio de aliados sobre a sua inelegibilidade e fez menção às articulações do ex-presidente Michel Temer (MDB) por uma candidatura unificada do centro.
“Não é estratégia política, vou até o último segundo. Michel Temer entrou nessa questão… Mas gostaria que os governadores falassem: ‘Bolsonaro está inelegível por quê? Essas acusações valem?’”, afirmou. (bahia.ba).
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