Roubo no Louvre: o que sabemos sobre os dois suspeitos presos e o andamento da investigação

Detidos têm antecedentes por roubo e foram levados à sede da polícia judiciária de Paris, onde podem ficar sob custódia por 96 horas

O roubo cinematográfico que abalou o Museu do Louvre começa a ter seus primeiros desdobramentos investigativos. Duas semanas após o furto das joias da coroa francesa, a polícia francesa prendeu dois suspeitos apontados como parte do grupo que invadiu a Galeria Apollo, coração do museu, e levou peças avaliadas em 100 milhões de euros. As diligências deste domingo (26) marcam a primeira virada na investigação que tenta decifrar quem está por trás do assalto que expôs falhas na segurança do museu mais famoso do mundo.

Os dois homens, de cerca de 30 anos e moradores de Seine-Saint-Denis, foram detidos na noite de sábado (25), no horário local, pela Brigada Antibanditismo de Paris (BRB) e pelo Escritório Central de Combate ao Tráfico de Bens Culturais (OCBC). Eles são investigados por “furto organizado” e “conspiração criminosa para cometer um crime”. A polícia suspeita que os detidos integrem o comando de quatro pessoas que invadiram o Louvre com um elevador acoplado a um caminhão.

Vestidos com coletes amarelos e capacetes de motociclista, os criminosos quebraram uma janela que dava acesso à Galeria Apollo, onde estão expostas as joias da coroa da França. De lá, levaram oito peças, entre elas adornos da Rainha Maria Amélia e colares de Maria Luísa. Durante a fuga, deixaram para trás a coroa da Imperatriz Eugênia, esposa de Napoleão III. Apesar da estimativa de 88 milhões de euros, autoridades ressaltam que o dano ultrapassa qualquer valor financeiro, dado o peso histórico das joias.

A prisão dos suspeitos ocorreu depois que investigadores descobriram que um deles se preparava para fugir para a Argélia. Ele foi capturado no Aeroporto de Roissy, em Val-d’Oise, por volta das 22h. O outro foi detido horas depois em Seine-Saint-Denis. Os dois já tinham antecedentes por roubo e foram levados à sede da polícia judiciária de Paris. Eles podem permanecer sob custódia por até 96 horas.

A polícia tenta agora identificar o restante do grupo e os possíveis mandantes. Os federais investigam se o assalto foi executado por uma organização voltada à revenda das joias ou por uma rede especializada em tráfico de arte. Mais de cem policiais da Diretoria de Polícia Judiciária da Prefeitura de Paris participam das buscas, com apoio do OCBC.

Segundo a Promotora de Paris, Laure Beccuau, mais de 150 amostras foram coletadas na cena do crime. Foram encontrados coletes, capacetes e fios de cabelo que podem ajudar a confirmar a identidade dos autores. Os ladrões também deixaram para trás o caminhão e a plataforma elevatória usados na invasão, que não chegaram a incendiar como planejado.

As investigações indicam que o grupo obteve o equipamento durante um encontro marcado no site de vendas Le Bon Coin, na cidade de Louvres, poucos dias antes do crime.

O caso provocou uma crise interna no Louvre e reacendeu o debate sobre a proteção de obras e relíquias de valor histórico. “Encontraremos os autores”, afirmou o ministro do Interior, Laurent Nuñez. Com a prisão dos primeiros suspeitos, a polícia francesa avança para cumprir a promessa e desmontar a rede por trás de um dos roubos mais audaciosos já registrados em Paris. (R7)

Foto: Divulgação R7