Líder da oposição na ALBA fala sobre violência, saúde, empréstimos bilionários, obstruções, cenário eleitoral, PSDB, base governista e articulações em torno de ACM Neto
Em entrevista coletiva concedida nesta quinta-feira (18), na Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA), o líder da oposição, deputado Tiago Correia (PSDB), respondeu a uma série de questionamentos da imprensa e fez um diagnóstico duro da gestão estadual. Ao revisitar as principais pautas levantadas pela bancada minoritária ao longo do ano, o parlamentar afirmou que a oposição seguirá atuando de forma “propositiva e vigilante”, diante do que classificou como agravamento dos indicadores sociais e econômicos da Bahia. “A violência pública atingiu níveis nunca antes esperados. A sociedade baiana hoje vive sob o domínio de facções criminosas”, afirmou.
Correia destacou que a segurança pública lidera as preocupações da população, mas dividiu espaço com a crise na saúde e na educação. Ele citou dados recentes do Tribunal de Contas do Estado (TCE), que apontam um aumento de 215% no tempo de espera da fila da regulação. “É um número alarmante. Enquanto o governo diz que nunca se investiu tanto, a realidade mostra filas maiores, hospitais sobrecarregados e serviços que não acompanham esse discurso”, criticou. O deputado também mencionou a situação da educação, da habitação e da assistência social. “Somos o penúltimo pior estado em educação, temos um dos maiores números de analfabetos do país, lideramos internações de crianças por desnutrição e figuramos entre os estados com maior número de habitações precárias”, enumerou.
Um dos pontos mais explorados na coletiva foi o volume de empréstimos aprovados pela Assembleia. Segundo Tiago Correia, já foram 23 pedidos autorizados, totalizando quase R$ 27 bilhões. “Não somos contra empréstimos em si, quando há projeto, planejamento e clareza. O problema é que esses pedidos chegam à Casa com poucos artigos, sem detalhamento, sem dizer exatamente onde o dinheiro será aplicado”, afirmou. Ele alertou ainda para o risco de uso eleitoral desses recursos. “Há uma preocupação legítima de que parte desse dinheiro seja usada no período pré-eleitoral, para angariar apoio político com promessas de obras”, acrescentou.
Questionado sobre as obstruções promovidas pela oposição nas últimas semanas, o deputado foi direto ao afirmar que a estratégia é política e deliberada. “O governo tem maioria absoluta e aprova tudo no rolo compressor. A obstrução é a única ferramenta que temos para chamar a atenção da sociedade e da imprensa para o volume de crédito que está sendo autorizado. Quem paga essa conta é o cidadão”, declarou. Ele rejeitou a acusação de oportunismo eleitoral e rebateu críticas feitas por deputados governistas. “A oposição nunca deixou de se posicionar. O que mudou foi a intensidade, porque estamos no encerramento de um ano legislativo marcado por sucessivos pedidos de empréstimo”, justificou.
No campo político, Tiago Correia comentou as movimentações internas e externas à Assembleia, incluindo a migração de parlamentares da base governista para o campo oposicionista. Segundo ele, esses movimentos fazem parte do início do jogo eleitoral. “Estamos a poucos meses da eleição e é natural que ocorram conversas, namoros políticos e reposicionamentos. Os movimentos de Nelson Leal e de Cafu, por exemplo, já têm um claro caráter pré-eleitoral”, avaliou, diferenciando essas articulações de migrações anteriores, como as de Pancadinha e Marcinho, que, segundo ele, já estavam consolidadas.
O deputado também esclareceu o episódio envolvendo o colega Robinho, após divergências sobre uma votação. “Houve um mal-entendido, conversei com ele ainda na madrugada, ele se desculpou e eu também pedi desculpas publicamente. No jogo político isso acontece, mas não há ruptura nem desunião na bancada”, afirmou. Correia reforçou que, em nenhum momento, a oposição deu orientação favorável ao governo em votações de interesse do Executivo.
Ao tratar do cenário de 2026, o líder da oposição foi categórico ao afirmar que a candidatura de ACM Neto ao governo da Bahia está definida. “O martelo está batido. Neto é candidato de qualquer forma. Ele já tem equipe de pré-campanha estruturada, agenda intensa e diálogo permanente com lideranças”, disse. Sobre possíveis impactos do cenário nacional, incluindo uma eventual candidatura da família Bolsonaro, Correia minimizou os efeitos. “Se houver múltiplas candidaturas, isso não inviabiliza Neto. Pelo contrário, ele estará no segundo turno”, projetou.
Por fim, Tiago Correia abordou o posicionamento do PSDB e as falas recentes do presidente da Câmara de Salvador, Carlos Muniz. Segundo ele, o partido segue integrado ao grupo político liderado por ACM Neto e ao governo municipal de Salvador. “Hoje o PSDB participa da gestão, tem secretarias e mantém coerência política. Qualquer mudança futura será fruto de avaliação estratégica, mas, neste momento, estamos firmes nesse campo”, concluiu.
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