Na semana em que se comemora a Independência do Brasil, a Assembleia Legislativa da Bahia, em parceria com a Universidade Católica do Salvador (UCSal), traz ao Espaço Cultural Josaphat Marinho a exposição ‘A Igreja, a Independência da Bahia e outras conquistas brasileiras’. Em sua segunda edição na Casa, a mostra reúne documentos históricos eclesiásticos restaurados que revelam o papel da Igreja Católica em momentos cruciais da história do Brasil, entre eles a Independência da Bahia, a Abolição da Escravidão e a Proclamação da República.
Na mostra, os servidores e visitantes terão acesso às cartas, atas e ofícios selecionados que revelam, por exemplo, a articulação e o apoio de uma parte do clero a importantes lutas sociais do Brasil, o seu papel nos movimentos abolicionistas, na mobilização e legitimidade do movimento libertário, influenciando líderes locais e a população, além da preocupação em manter sua influência frente a um novo modelo de Estado laico, no período da Proclamação da República.
Sob a guarda da UCSal, os registros fazem parte do acervo do Arquidiocese de São Salvador, composto por mais de 15 mil metros de documentos históricos vinculados à cúria arquidiocesana, que, desde 2000, por iniciativa da restauradora, professora e artista plástica, Ana Maria Vilar, vem sendo restaurados por arquivistas do Laboratório de Conservação e Restauração Reitor Eugênio Veiga (LEV).
Os registros à mostra, segundo o responsável pela equipe de restauração dos documentos expostos, o historiador, filólogo, conservador e restaurador da LEV, Pedro Conte Lima, compõem, provavelmente, o maior arquivo eclesiástico do Brasil. “O documento mais antigo é de 1588 e vai até o início do século XX. Então, são cinco séculos de história”, informou.
A exposição desses arquivos históricos – cartas de arcebispos ao imperador D. Pedro II, original da Lei Áurea, entre outros -, é muito importante não só para divulgar o trabalho realizado, mas para tornar acessíveis momentos da história não contados nos livros. “Nessa exposição, vêm muitos estudantes, pesquisadores, as pessoas da Assembleia, que passam e veem, acham interessante. Isso aguça muito a curiosidade das pessoas, desde pesquisadores, servidores, políticos e visitantes”, disse.
Presente na exposição, o reitor da UCSal, Deivid Lorenzo, comemorou o giro histórico realizado pela instituição, ao promover e apresentar à comunidade os documentos que, em sua opinião, dão subsídio ao legado deixado, “que nos ensina até hoje, que não está desatualizado, ao contrário, revisitar os documentos reaviva nosso espírito cidadão e o compromisso ético mesmo do contato, do respeito para com o outro”.
O evento, segundo Deivid, é muito importante para a UCSal, “que sai de seu campus, para um espaço democrático, para apresentar aos transeuntes, um registro da memória, da articulação dos passos históricos dados pelo Estado da Bahia, pelo país, sob a condução da experiência da própria igreja, como agente político transformador também da sociedade”.
A partir da bem-sucedida experiência com a Casa Legislativa, a instituição pretende criar um projeto itinerante, levando os documentos a outros espaços, “nos segmentos público ou privado, sempre levando, através da educação, a memória do nosso povo”, afirmou. (Agencia Alba).
Foto: Ascom/Alba