Dilma sem coragem

Apesar da perda de algum
oxigênio, Marina Silva ainda pode ser tida como vitoriosa no segundo turno das
eleições presidenciais. O problema, para ela, é se seus percentuais continuarem
na baixa. Revelada ontem, a pesquisa do Datafolha indica empate técnico com
Dilma Rousseff.

A semana termina com uma
informação negativa para a presidente: ela teria desistido de apresentar seu
programa de governo, devido a divergências com os diversos grupos do PT. Faltou
coragem para enfrentar críticas daqueles que tiverem sido derrotados em suas
sugestões.

Pior a emenda do que o
soneto, diriam nossos avós. A conclusão a tirar é de que o segundo mandato, se
for conquistado, será igual ao primeiro. No que se refere às leis trabalhistas,
continuar á tudo como está, quer dizer, nenhum avanço. Quanto a recuos e
supressões, exigências do empresariado, fica a dúvida. Ora Dilma admite que
novas relações de trabalho impõem nova legislação, ora jura que não reduzirá
direitos do trabalhador. Pode estar, com sua indecisão, desagradando patrões e
empregados.

Um dos males da reeleição é
esse: presidentes, governadores e prefeitos não podem disputar votos prometendo
grandes mudanças. Seria confessar fracasso no primeiro mandato.

DISSIDENTE DECLARADO

O senador Cristóvan Buarque
abriu o jogo, esta semana. Apesar de seu partido, o PDT, apoiar a reeleição da
presidente Dilma, ele votará em Marina Silva. Acredita que a candidata terá
condições, se eleita, de iniciar profunda revisão na política educacional. Nada
que se resolva durante um mandato, pois a tarefa é para vinte ou trinta anos, mas
importa começar.

O ex-governador faz
críticas à propaganda de muitos governantes de que estão estabelecendo o tempo
integral nas escolas. Não adianta deixar os alunos depois do almoço passarem a
tarde inteira jogando futebol num campinho improvisado. É necessária
infraestrutura para o aproveitamento do tempo. (Diário do Poder/Carlos Chagas)

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