Especialista em desenvolvimento urbano e agrário, a
professora Guiomar Inez Germani recebeu o Título de Cidadã Baiana em sessão
especial realizada na manhã de sexta-feira, dia 21, no plenário da Assembleia
Legislativa. Muitas autoridades, familiares e amigos prestigiaram a homenagem
concedida pelo deputado Marcelino Galo
(PT).
Logo no início, a emoção tomou conta do plenário quando o
petista Marcelino Galo designou a ex-secretária de promoção da igualdade
racial, Vera Lúcia Barbosa, e membros de movimentos sociais para recepcionar a
homenageada. A comitiva foi recebida no recinto de pé e por um aplauso
entusiasmado dos colegas da universidade, estudantes, de trabalhadores e
trabalhadoras do movimento sem terra e de tantos outros movimentos que se
fizeram presente no evento. Do discurso de Galo veio à explicação para a
emoção: esta é uma homenagem a uma pessoa cuja história é um testemunho de
luta, de opção pela classe trabalhadora, de aposta no saber como ferramenta de
emancipação.
TRAJETÓRIA
No pronunciamento do proponente da homenagem a palavra
compromisso foi citada como um resumo da trajetória da professora Guiomar. [A
palavra compromisso tem em seu significado original o sentido de uma promessa
mútua. Um pacto.] Para Marcelino, a
homenageada serve de exemplo como ser humano. [Hoje estamos aqui para
homenagear uma personalidade que há muitos anos vem honrando o compromisso que,
de forma consciente e espontânea, celebrou com a reforma agrária, com a
educação e o desenvolvimento de nosso povo], disse o petista.
A contribuição da professora Guiomar para o desenvolvimento
da Geografia Agrária na Bahia, por si só, já justificaria a concessão deste
Título de Cidadã Baiana, sinalizou Marcelino. A professora é uma das
responsáveis pelo projeto Geografar, que
está completando 20 anos de atuação.
Fugindo do protocolo da cerimônia, o reitor da Ufba, João
Carlos Salles, e o membro da Coordenação Regional dos Quilombos, Simplicio
Arcanjo Rodrigues, foram convidados para homenagear a professora. E, para
ambos, Guiomar representa uma quebra de fronteiras, uma mulher que ensinou os
movimentos a andar com os próprios pés, que saiu da teoria e partiu para a
prática. [Guiomar é um exemplo de Universidade que estamos construindo
diariamente, o ambiente acadêmico se enriquece com a presença dos movimentos
sociais, do povo], disse o reitor.
AGRADECIMENTO
Em seu discurso de agradecimento, a professora Guiomar Inez
Germani lembrou da sua história ligada à Bahia e toda sua trajetória na luta
por uma reforma agrária. [A luta que vocês estão travando é que está sendo
homenageada], disse, afirmando que a
luta pela terra deve ser de toda a sociedade. [Não gosto muito de grandes
eventos, mas este momento que estamos vivendo é muito importante essa
homenagem. O cotidiano precisa dessas alegrias para essa luta que precisamos
travar], disse.
O evento foi um grande ato contra o governo de Michel Temer
e contra a PEC 241. [A reforma agrária, nesse cenário de golpe, acaba, assim
como todas as conquistas populares. O poder popular tem que retomar os rumos do
nosso país, e acho exemplar, nesse sentido, as ocupações e mobilizações feitas
pelos estudantes. Só aí está a esperança de construir uma sociedade diferente],
declarou a nova cidadã baiana.
AUTORIDADES
Entre os presentes estavam a secretária de Promoção da
Igualdade Racial, Fabya Reis; o reitor da Ufba, João Carlos Salles; o assessor
especial da Secretaria de Desenvolvimento Rural, Matteus Martins; a diretora do
Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra, Elisabete Rocha de Souza; a
coordenadora do Movimento dos Trabalhadores Assentados, Acampados e Quilombola,
Marivânia de Jesus; o integrante da
Coordenação Regional dos Quilombos, Simplicio Arcanjo Rodrigues; o coordenador
da Comissão Pastoral da Terra, Frei Luciano Bernardi; a coordenadora da Associação
de Advogados dos Trabalhadores Rurais, Tatiana Emilia Gomes; José Piedade
Campos, membro do Conselho Pastoral dos Pescadores; membro da Central dos
Fundos e Fechos de Pasto, Valdivino Rodrigues de Souza; a líder do Movimento
dos Pescadores e Pescadoras Artesanais, Marizélia Lopes; e o estudante indígena
da Coroa Vermelh a, Taquari Pataxó. (Ascom Alba)