PF CONFIRMA CORRUPÇÃO DO PRESIDENTE DO TCU E CEDRAZ, SEU ANTECESSOR

Inquérito da Polícia Federal confirmou as suspeitas,
reveladas em primeira mão pelo colunista Cláudio Humberto e o portal Diário do
Poder, de que o presidente do Tribunal de Contas da União (TCU), Raimundo
Carreiro, e o ministro Aroldo Cedraz, ex-presidente da corte de contas, integram
um esquema de corrupção para favorecer a empreiteira UTC em processo
relacionado às obras da usina de Angra 3 no Tribunal de Contas.

Em seu relatório conclusivo, a delegada Graziela Machado da
Costa e Silva afirma que as provas colhidas corroboram declarações de cinco
delatores que mencionaram pagamento ao advogado Tiago Cedraz, filho de Aroldo,
para que conseguisse influenciar o julgamento do caso.

O inquérito sobre corrupção no TCU foi instaurado em 2015,
depois que o acionista da UTC Ricardo Pessoa, em delação premiada, declarou que
fazia pagamentos a Tiago para obter informações privilegiadas da Corte. Ele e
Walmir Pinheiro, ex-diretor financeiro da empreiteira, também colaborador,
relataram que o advogado teria pedido R$1 milhão para conseguir que o TCU
liberasse, em 2012, a licitação para a montagem eletromecânica da usina. Com a
decisão, o contrato foi assinado em 2014, ano em que o montante teria sido
repassado, em espécie, ao advogado.

O inquérito da PF lista documentos e mensagens indicando a atuação
de Tiago em tráfico de influência perante ministros do tribunal entre 2012 e
2014. Para a PF, não havia diferença entre as atividades de Aroldo e Tiago, que
se valeria ?do poder do pai e das suas relações no TCU? para viabilizar
interesses.

Segundo a PF, de 2012 a 2014, houve 14.321 ligações entre
telefones vinculados a Tiago e seu escritório e terminais do pai e de seu
gabinete. No caso de Carreiro e equipe, a PF cita [centenas] de ligações. O
aparelho registrado em nome do assessor Maurício Lockis, que teria elaborado o
voto de Carreiro favorável à UTC, foi o que mais recebeu contatos (271), sendo
112 em 2012, ano do julgamento.

Os delatores Luiz Carlos Martins, da Camargo Corrêa; Gustavo
Botelho, da Andrade Gutierrez; e Henrique Pessoa Mendes, da Odebrecht, disseram
que a operação para [comprar] votos no TCU foi discutida em reuniões entre
representantes das empreiteiras do consórcio que venceu as obras. Este último
admitiu a que a Odebrecht contratou uma sobrinha de Carreiro como [agrado] ao
ministro.

Carreiro informou que vem prestando [todos os
esclarecimentos solicitados]. Cedraz 
jura sua [total isenção, já demonstrada ao longo de 11 anos de atuação
como magistrado]. Tiago Cedraz não se manifestou.

As conclusões foram enviadas à Procuradoria Geral da
República (PGR), que tem a prerrogativa de apresentar denúncia contra Carreiro,
Aroldo e Tiago Cedraz. (Diário do Poder)

Foto: Divulgação