Uma solenidade plena de emoção. Assim foi a sessão especial
promovida pela Assembleia Legislativa da Bahia (ALBA) para a concessão do
Título de Cidadão Baiano ao ex-deputado Francisco Etelvir Dantas, 82 anos. A
honraria foi proposta pelo deputado Angelo Coronel (PSD). A sessão se iniciou
ao som de Tocando em Frente, música de Almir Sater e Renato Teixeira.
Lá estavam para homenageá-lo autoridades de ontem e de hoje,
além de familiares e amigos de uma vida inteira. Entre eles, oito ex-deputados
que compuseram com Etelvir a 9ª Legislatura: Genebaldo Correia, Jayme Vieira
Lima, João Emílio, João Leão, Miguel Abrão, Archimedes Pedreira Franco,
Clemenceau Teixeira e Cleraldo Andrade.
Coronel brincou que as lágrimas que molharam a face de
Etelvir ao longo da cerimônia fosse usada na transposição do Rio São Francisco.
Presidente tratou o homenageado com intimidade, citando apelidos da época de
Legislativo, como Pantera Cor-de-Rosa, devido ao inconfundível paletó róseo.
Em quase todos os pronunciamentos, o perfil ativo e
trabalhador de Etelvir ficou bem definido. De origem humilde, no Sertão do
Ceará, o próprio homenageado descreveu um traço de sua personalidade. [Sempre
quis ser o primeiro] e assim foi em toda a fase estudantil.
DETERMINAÇÃO
Começou a trabalhar no Banco Econômico e, mesmo dando
expediente comercial, não interrompeu os estudos. Assim obteve a primeira
colocação no concurso do Banco do Brasil, entre os 20 mil inscritos. Sonhava
ser presidente da instituição mas, ao contrário, pediu licença de 90 dias para
abrir uma bodega. Ao fim do prazo, pediu demissão do banco e partiu para o
empreendedorismo.
Coronel colocou de lado o protocolo e pediu que quase todos
os componentes da mesa contassem um pouco sobre o ex-deputado e empresário, que
não pensa em aposentadoria. Também fizeram uso da palavra a esposa Cleonaide, o
amigo cearense Francisco Almeida, os conterrâneos de Juazeiro, coronel PM Josué
Brandão e o tenente-capitão da Marinha, Luís Daniel Pereira.
Coronel convocou o jovem Etelvir Filho para a entrega do
título, juntamente com a esposa. Empolgado, o homenageado ficou de pé para
cantar Tareco e Mariola e Espumas ao Vento. [Esse título só podia ser proposto
por alguém com coração grande], disse Etelvir, explicando que [é de homens como
Angelo que a Bahia e o Brasil precisam].
RETORNO
Etelvir dispensou o discurso preparado previamente e deixou que
o coração falasse em palavras entrecortadas pela emoção. Fazia 35 anos que
havia ocupado aquela tribuna pela última vez. Muitas histórias e a voz
embargada, alternava sorrisos de satisfação e lágrimas ao lembrar da retirada
de Saboeiro até Juazeiro, com apenas seis anos de idade.
Cada um dos amigos recebeu uma menção do homenageado. O
trabalho extraordinário do Assembleia de Carinho, presidida por Eleusa Coronel,
foi lembrado.
Etelvir foi deputado estadual entre 1979 e 83, pela Arena,
assumindo uma cadeira na Câmara Federal na eleição seguinte já pelo PDS. No
ramo empresarial, se notabilizou como empreendedor da rede Pinguim SA. Atuou
também no setor agropecuário, de alimentação e combustíveis, refrigeração,
dentre outras atividades.
Segundo ele, cerca de 80 do cimento utilizado na Barragem
de Sobradinho foi transportado por ele de Salvador até o canteiro de obras.
Tinha por lema [um homem chamado trabalho]. Graduado em contabilidade, é pai de
sete filhos, Elder, Eber, Lucy, Eder, Luciene e Etelvir Filho.
Foto: Sandra Travassos