FMI eleva estimativa de crescimento do brasil para 1,9 neste ano

O Fundo Monetário Internacional (FMI) elevou as
projeções de crescimento do Brasil entre 2017 e 2019, como destaca a
atualização periódica do documento Perspectiva Econômica Mundial em janeiro,
divulgada nesta segunda-feira, 22. 

Segundo o FMI, o Produto Interno Bruto (PIB) do País deve
ter subido 1,1 no ano passado, 0,4 ponto porcentual acima do 0,7 informado
pelo relatório em outubro. Para este ano, a projeção também avançou 0,4 ponto
porcentual e aumentou de 1,5 para 1,9 . Em relação a 2019, a variação foi
menor e passou de 2,0 para 2,1 .

O crescimento brasileiro está casado com uma forte
onda de expansão mundial, a principal desde 2010. Segundo o
banco, a economia global deve crescer 3,9 em 2018, alta de 0,2 pontos
porcentuais em comparação com o relatório anterior.

Em 2019, a projeção também avançou de 3,7 para 3,9 e,
em relação ao ano passado, 2017, a manutenção da força do nível de atividade
internacional fez com que o Fundo elevasse a previsão de crescimento do planeta
de 3,6 para 3,7 .

As atualizações de previsões macroeconômicas comunicadas
pelo FMI tratam especialmente do produto interno bruto de países. 

Recessão

Num contexto de retomada do nível de atividade e da demanda
agregada, após o Brasil ter passado por uma das piores recessões de todos os
tempos, o Fundo estima que o PIB nacional atingiu uma alta de 2,5 no quarto
trimestre de 2017 em relação aos mesmos três meses de 2016, em termos
anualizados. Na mesma base de comparação, a instituição multilateral prevê
que o crescimento deverá atingir 2,2 no último trimestre de 2018 e 2,0 entre
outubro e dezembro de 2019.

O Fundo aponta que a [recuperação econômica mais firme] do
Brasil colabora para fortalecer o desempenho da América Latina, especialmente
para 2019. A região, diz o relatório, deve crescer 1,9 neste ano, como
projetado em outubro, e deve registrar uma expansão de 2,6 no próximo ano,
acima dos 2,4 estimados anteriormente.

Essa perspectiva mais favorável para a América Latina está
relacionada com [demanda mais forte dos EUA], o que favorece diretamente o México,
preços mais favoráveis de commodities e condições financeiras positivas para
alguns países da região exportadores destes produtos com cotações
internacionais.

Por outro lado, o FMI ressalta que o Brasil, Colômbia, México
e Itália estão sujeitos a [incertezas políticas] com eleições de novos governos
no curto prazo e que podem impor [riscos à adoção de reformas.] 

Mundo

No planeta, a continuidade da recuperação mundial e a adoção
de uma reforma tributária nos EUA, que deve estimular investimentos de empresas
no país, foram os dois principais fatores que levaram o FMI a aumentar as
projeções para o crescimento global em 2018 e 2019.

[Cerca de 120 países, que respondem por três quartos do PIB
mundial, registraram uma elevação do crescimento em termos anuais em 2017, a
mais ampla expansão global sincronizada desde 2010], aponta o FMI. 

No ano passado, um destaque foi a expansão pouco acima do
esperado da Europa e Ásia e o bom desempenho registrado por economias
avançadas, entre elas os EUA, e países emergentes.

Segundo o Fundo Monetário Internacional, a força da retomada
da economia mundial deve continuar em 2018 e 2019, sobretudo com perspectivas
mais favoráveis para as economias avançadas. 

As previsões de expansão para os países desenvolvidos
subiram de 2,0 para 2,3 para este ano e de 1,8 para 2,2 em 2019. [Estas
previsões refletem as expectativas de que as condições financeiras globais
favoráveis e forte sentimento (de consumidores e empresas) ajudarão a manter a
recente aceleração na demanda, especialmente em investimentos com um notável
impacto no crescimento de economias que são grandes exportadoras.]

O FMI elevou de forma expressiva as projeções para o PIB dos
EUA no biênio 2018-2019, em grande medida devido ao impulso nos investimentos
com a redução de impostos motivada pela reforma tributária. As previsões
passaram de 2,3 para 2,7 em 2018 e de 1,9 para 2,5 para o próximo ano.

A reforma tributária, diz o Fundo, vai gerar um aumento
total do PIB americano de 1,2 ponto porcentual entre 2018 e 2020. Os impactos
positivos desta mudança estrutural no sistema de impostos americano e sobre
importantes parceiros comerciais, como Canadá e México, [contribuem com cerca
de metade das revisões para o crescimento global em 2018 e 2019].

Mas os estímulos fiscais gerados pela reforma tributária nos
EUA não permanecerão no país e a partir de 2022 devem ajudar a desacelerar o
crescimento de sua economia por alguns anos.

Para a zona do euro, o FMI elevou suas previsões de
crescimento de 1,9 para 2,2 neste ano e de 1,7 para 2,0 em 2019. [As taxas
de expansão para muitos países da área do euro têm subido, especialmente para a
Alemanha, Itália e Holanda, refletindo uma força da retomada doméstica e maior
demanda externa], apontou o Fundo.

O Fundo Monetário Internacional considera que o crescimento
da China deve [moderar de forma gradual] em 2018 e 2019 em comparação a 2017,
quando o País avançou 6,9 . O FMI elevou a previsão para o produto interno
bruto daquela nação asiática de 6,5 para 6,6 neste ano e de 6,3 para 6,4 em
2019.

Riscos

O Fundo Monetário Internacional tem uma avaliação positiva
para as perspectivas da economia mundial no biênio 2018-2019, mas aponta que há
riscos.

O FMI destaca que investidores no setor financeiro estão
reagindo bem à política de gradual aperto de juros nos EUA, especialmente
registrada nos rendimentos dos títulos do Tesouro americano de longo prazo, e
no valor do dólar perante outras moedas com a reforma tributária.

Contudo, o Fundo aponta que um movimento de correção de
mercados financeiros pode ser deflagrado com sinais de inflação mais forte nos
EUA, onde o [aumento da demanda pode exercer pressão de redução da taxa de desemprego
que já está muito baixa.] Neste contexto, poderia aumentar a inflação no país,
o que levaria o Federal Reserve a elevar os juros com maior rapidez do que o
previsto, o que afetaria os rendimentos de Treasuries, fortaleceria o dólar e
reduziria os preços de ações. Segundo o Fundo, tais circunstâncias poderiam
afetar o fluxo internacional de capitais, o que poderia levar economias [com
elevada necessidade de financiamento da dívida bruta e com passivos em dólar
sem proteção a ficar expostas a stress financeiro.]

Além de riscos gerados por conflitos geopolíticos para o
crescimento mundial, o FMI ressalta também fatos negativos que podem surgir de
medidas protecionistas.

De acordo com o FMI, um aumento de barreiras comerciais e
realinhamentos regulatórios, no contexto de negociações que envolvem o Nafta e
o Brexit, podem [pesar sobre o investimento global e reduzir a eficiência da
produção, exercendo uma retração no crescimento potencial] de economias
avançadas e mercados emergentes. Segundo o Fundo, o fracasso de tornar o
crescimento mais inclusivo e [a ampliação de desequilíbrios externos em alguns
países, incluindo os EUA, podem elevar as pressões para a adoção de políticas
voltadas para mercados domésticos.].

(FOTO: REPRODUÇÃO)