MPF denuncia deputados da Bahia e ex-prefeito por desvio de verbas do Fundeb com prejuízos de R$ 43 milhões

Ministério Público Federal na Bahia (MPF) denunciou os
deputados estaduais Angela Souza e Carlos Ubaldino, ambos do PSD, o ex-prefeito
da cidade baiana Ruy Barbosa, José Bonifácio Dourado, o empresário Kells
Belarmino e mais nove pessoas por desvio de verbas do Fundo de Manutenção da
Educação Básica e de Valorização dos Profissionais de Educação (Fundeb) e por
formação de quadrilha.

Em nota, o MPF infomrou que, segundo a denúncia encaminhada
ao Tribunal Regional Federal da 1ª Região, os suspeitos desviaram recursos,
superfaturaram obras e fraudaram licitações com um prejuízo de cerca de R$ 43
milhões em mais de vinte municípios da Bahia. O esquema teria sido feito entre
2009 e 2015.

A denúncia é um desdobramento da operação
[Águia de Haia], da Polícia Federal, que investiga desvio de verbas públicas
.
O MPF pede aos denunciados a reparação por danos morais coletivos no valor
mínimo de R$ 10 milhões, considerando os danos sofridos pela população dos
municípios atingidos pela ação criminosa que deixou de receber melhorias
educacionais. O pedido destaca o ambiente sistêmico de desvio, apropriação e
propina em 18 prefeituras do estado da Bahia decorrente da atuação da
quadrilha.

A quadrilha atuou por aproximadamente seis anos e realizou
contratações desnecessárias e superfaturadas no valor global de R$
43.150.000,00, causando prejuízos aos cofres públicos que estão especificados
em cada uma das denúncias já apresentadas no âmbito da Operação Águia de Haia.

G1 tentou falar com os denunciados
citados pelo MPF, mas até a publicação desta reportagem não conseguiu contato.

Esquema

De acordo com o MPF, o esquema envolvia diversos municípios do
estado da Bahia e era liderado pelo empresário denunciado na ação. Segundo o
Ministério Público Federal, a organização criminosa contava com a participação
do prefeito de cada município que aderiu ao esquema, do secretário municipal de
educação e dos servidores municipais que atuavam na área de licitação para
fraudar e direcionar o certame às empresas de Kells Belarmino, em troca de
benefício econômico indevido.

O MPF informou que as fraudes era feitas por meio de
contratações montadas de serviços educacionais e pedagógicos de tecnologia da
informação e direcionadas às empresas controladas pelo grupo mediante crimes
licitatórios, corrupção ativa e passiva, desvio de recursos públicos e lavagem
de dinheiro.

Ainda de acordo com o Ministério Público Federal, a
quadrilha atuava na Bahia por meio de dois núcleos: o empresarial, comandado
por Berlamino, a mulher dele e outras quatro pessoas, e o que fornecia os
elementos necessários à fraude dos certames licitatórios, como produzir
relatórios que aparentassem a execução contratual. Esse segundo, era
responsável também por operar o esquema de desvio de recursos públicos e
pagamento de propinas.

Conforme o MPF, o núcleo político aliciava prefeitos e
servidores públicos municipais para participarem do esquema, o que permitiu o
direcionamento de licitações em, pelo menos, 18 municípios. O Ministério
informou que esse núcleo era comandado pelo deputado estadual Carlos Ubaldino
Santana e era composto pelo ex-prefeito de Ruy Barbosa, José Bonifácio Marques
Dourado, um filho dele, pela deputada estadual Ângela Maria Correia de Souza,
por um ex-prefeito de São Domingos, além de outras três pessoas.

Ainda segundo o Ministério Público Federal, os recursos do
Fundeb que sobravam das contratações superfaturadas eram divididos entre os
integrantes da organização criminosa e também utilizados para o pagamento
sistemático de propinas a prefeitos e servidores públicos municipais envolvidos
no esquema. (G1-Ba)