Numa única palavra: ganância. Nunca os banqueiros deste
país lucraram tanto como nos governos do PT, mas esse pessoal não tem limite.
Neste texto elenco quatro motivos que embasam tamanha hostilidade ao governo
Dilma. Esse comportamento do mercado financeiro vale para qualquer governo que
não aceite o jogo da banca.
O primeiro motivo, e não necessariamente o principal, é
porque o governo Dilma ousou desafiá-los, ao interferir na margem de lucro
deles, ao pressionar o Banco Central que reduzisse a taxa Selic, de um lado, e,
de outro, que os bancos oficiais (BB e CEF) reduzissem o spread bancário, a
partir da concorrência com a banca privada.
Os banqueiros, que antes elogiavam o governo, passaram a
hostilizá-lo e a promover campanha com o objetivo de desqualificar a presidente
e seu governo quanto à capacidade de manter a inflação e o gasto público sob
controle, inclusive alugando alguns articulistas de economia da grande
imprensa.
Insistiram nessa tática, aparentemente sem resultados,
durante dois anos, até que, por sazonalidade nos produtos hortifrutigranjeiros,
houve aumento de alimentos, inicialmente da batata e logo em seguida do tomate,
criando as condições para a vitória da guerrilha inflacionária, que assustou os
consumidores e forçou o governo a autorizar o retorno do aumento da taxa de
juros.
O segundo motivo é porque nos governos do PT o dinheiro
de origem trabalhista (FAT, FGTS e alguns Fundos de Pensão de estatais), com
baixa intermediação do sistema financeiro privado, foi utilizado para fornecer
crédito barato, gerar emprego e renda. Ou seja, em lugar de ir para a especulação,
com ganhos astronômicos dos rentistas, esse dinheiro foi para o investimento
produtivo.
Em um governo de perfil liberal, que afrouxa ou
desregulamentar a economia e abre mão de dar a direção aos investimentos, esses
recursos certamente seriam administrados por banco privados e não por bancos
oficiais (BB e CEF) nem tampouco pelo BNDES e certamente iriam para a
especulação e não para o investimento.
O terceiro motivo foi a criação do Fundo Soberano, com
as finalidades de promover investimentos em ativos no Brasil e no exterior,
formar poupança pública, mitigar os efeitos dos ciclos econômicos e fomentar
projetos de interesse estratégico do país localizados no exterior. Isso reduz
as perspectivas de captação e administração de recursos públicos pela banca
privada.
O quarto foi a criação do Banco do Brics (Brasil,
Rússia, Índia, China e África do Sul), que terá um capital inicial de U$ 50
bilhões e que poderá ser utilizado, com custo mais baixo, por seus sócios, o
que, igualmente, não agradou aos banqueiros brasileiros.
As motivações, como se vê, são todas decorrentes do
desconforto com a presença do governo na gestão ou intermediação de parcela dos
recursos destinados aos investimentos (capital estatal, capital privado
nacional e capital estrangeiro), sendo o maior montante os de origem
trabalhista.
* Antônio Augusto de Queiroz é jornalista, analista
político e diretor de Documentação do Departamento Intersindical de Assessoria
Parlamentar (Diap).