Uma armadilha para Marina

Como estava previsto para o último mês de campanha, está
aberta a temporada das baixarias. Dilma compara Marina a Jânio Quadros e a
Fernando Collor. Aécio acusa Marina de plagiar o Plano de Direitos Humanos de
Fernando Henrique. Marina reage, lembrando que Dilma jamais disputou uma
eleição, excetuada a que a levou ao palácio do Planalto.

O problema é que os três grandes candidatos, sem
esquecer os oito pequenos, afastam-se cada vez mais do que seria fundamental
para a decisão do eleitorado. Porque o vazio permanece quando se indaga de
todos quais as medidas que adotarão para garantir segurança ao cidadão comum,
levar todas as crianças para a escola, acabar com as filas nos hospitais,
recuperar ferrovias, rodovias e portos ? e quanta coisa a mais? Não vale ficar
nas generalidades onde eles se encontram, ou seja, é pouco dizer que vão
investir na segurança, na educação, na saúde e na infraestrutura. É preciso
anunciar como, apontar de onde virão os recursos.

Jânio Quadros elegeu-se vereador, deputado estadual,
prefeito, governador, deputado federal e presidente da República. Renunciou
porque era meio doido e porque pretendeu dar o golpe, tornando-se ditador.
Fernando Collor também cumpriu etapas eleitorais, abandonando o governo para
não ser cassado pelo Congresso. Marina jamais deu sinais de querer sobrepor-se
ao regime democrático, assim como não há, a seu lado, nenhum PC Farias. Se for
para comparar programas e lições, todos os candidatos a postos eletivos copiam
a Bíblia e a Constituição. Será plágio?

Pelo jeito, Marina começa a cair na armadilha, pois não
deixa passar as referências de seus adversários. Replica, ensejando as
tréplicas e as seguintes. Deixa de atentar para o fato de que quando lançada
candidata, após a tragédia que levou Eduardo Campos, não havia divulgado plano
algum, ganhando o favoritismo pela sua imagem e seu passado. Se agora não
resiste e entra na arena preparada pelos outros candidatos para enfraquecê-la,
perde tempo e oportunidade de crescer ainda mais nas preferências populares.

SÓ O DEVER DE CASA NÃO BASTA

O Lula vem acompanhando Dilma em sua campanha pela
reeleição, participando de comícios e carretas. Aparece com frequência na
televisão, nos programas de propaganda eleitoral gratuita, mas para virar o
jogo, não basta. Os números continuam confirmando e aumentando a vitória de
Marina. Nos conciliábulos do PT prevalece o raciocínio de que o ex-presidente
necessita produzir algum fato espetacular. O diabo é imaginar qual? (Carlos Chagas/Diario do Poder)