Dentro de uma semana, precisamente, estará sendo
escolhido o novo Congresso. Dizia o Dr.Ulysses, com humor, que pior do que o
atual, só o próximo. A pergunta que se faz é sobre os limites da renovação, em
especial na Câmara dos Deputados. É possível que não chegue a 50 . Nos
principais partidos, os caciques deverão conservar suas cadeiras, exceção dos
candidatos a governador ou ao Senado, aliás, poucos. Indaga-se da hipótese de,
desta vez, ser aprovada a reforma política, mas as chances são poucas. Talvez a
proibição de doações pelas empresas nas campanhas eleitorais, com o financiamento
público ainda indefinido. Jamais a cláusula de
barreira para limitar o número de partidos políticos, muito menos o voto
distrital e a votação para deputado federal em listas partidárias. Nem a
revogação do princípio da reeleição.
O novo Congresso continuará dando sustentação ao palácio
do Planalto, qualquer que venha a ser
a presidente da República, Dilma ou
Marina. A conclusão é de que o
governo permanecerá em condomínio com os partidos, funcionando o PMDB
como tijolo de sustentação tanto de uma
quanto de outra das candidatas. Neste
caso, com o PT ao lado e o PSDB na oposição. Naquele, invertendo-se a
equação, ou seja, os companheiros na oposição e os tucanos no governo.
Mudará alguma coisa?
Nem pensar. Dos programas de assistência social ao orçamento insuficiente, da ineficiência administrativa à insegurança
nas ruas, da farra das empreiteiras à indigência dos municípios ? o país será o
mesmo. Tanto o Congresso quanto o Executivo continuarão olhando para o
próprio umbigo, pensando nos próximos
quatro anos. Ninguém, em funções de relevo, cogita do que será o Brasil dentro
de vinte, trinta ou cinqüenta anos. O
futuro não faz parte das preocupações nacionais, até porque os políticos de
hoje não estarão mais aqui. Não é problema deles.
INTERPRETAÇÃO EM ABERTO
Impossível, por enquanto, interpretar o significado do
manifesto dos generais de quatro estrelas, todos na reserva, criticando não
só o ministro da Defesa, mas o governo
inteiro. Em outros tempos os tanques estariam na rua, ou os signatários na
prisão. Fica difícil aceitar que os comandantes atuais não conhecessem
previamente o pronunciamento. Que reação terá o embaixador Celso Amorim?
Advertir a todos ou ficar calado? A presidente Dilma comentou apenas que se os generais não
querem pedir desculpas pelos excessos do regime militar, |que não peçam|. (Diário do Poder)