De Sujeitos e Objetos

É interessante observar como os cidadãos pobres aparecem no discurso da candidata Dilma Rousseff. Raramente estão ali como sujeitos. No mais das vezes, entram como objeto direto. Se você quer entender de que modo essa candidatura enxerga o povo brasileiro, preste atenção a esse pequenino detalhe linguístico.

Durou pouco a ilusão?

Marina Silva continua favorita nas eleições presidenciais por conta da imagem que construiu anos a fio, como alguém que enfrentou o poder econômico, defendeu a reforma agrária, a preservação das florestas, o desenvolvimento sustentável, a co-gestão, a participação dos empregados no lucro das empresas, o imposto sobre grandes fortunas e a multiplicação do salário mínimo.

Política não é coisa de mulherzinha

Pô?! Acorda, aí, companheira. Somos quase 52 dos eleitores contra 48 dos homens. Segundo essa estatística do TSE, dos quase 52 mil vereadores eleitos em 2008, somente pouco mais de 6 (cerca de 6.500) eram mulheres. Na Câmara Federal, dos 513 homens, só 45 são mulheres; no Senado, dos 81 senadores, 10 são do sexo feminino.

Operação desmanche ou desmancha?

É cada vez mais palpável para o cidadão brasileiro o aumento da frequência de roubo e furto de veículos nas grandes cidades brasileiras, realidade esta que, face a inércia das autoridades, não nos possibilita traçar melhores horizontes no futuro, exceto com medidas eficazes e efetivas que eliminem causas e combatam o efeito da criminalidade e da violência.

Malu Fontes: a morte é uma festa

O título acima é do livro do historiador baiano João José Reis, obra indispensável para compreender a evolução da relação da sociedade brasileira com a morte, sobretudo para quem é de Salvador e quer entender o passado desta cidade. Mas poderia ser a legenda perfeita para tudo o que se viu no comportamento de muita gente durante os funerais de Eduardo Campos, em Recife, no último final de semana.

Eu pensava que Eduardo Campos era imortal

Eu pensava que Eduardo Campos era imortal. Aquele jeito onipresente, uma forma firme de falar e, principalmente, os olhos grandes. O olhar passava a impressão de que ele não tinha tempo de sofrer ou esmorecer. Na estranha quarta-feira de 13 de agosto de 2014, entendi da maneira mais violenta possível que estava errada.

Esforço concentrado, não. Recesso remunerado

Anos atrás havia um pouco mais de pudor, se quiserem, menos matreirice, quando no segundo semestre de anos eleitorais o Congresso funcionava pela metade, dando às folgas para as campanhas o nome de recesso remunerado. Agora chama-se esforço concentrado, exatamente a mesma coisa.

Ariano Suassuna, guerreiro do sol

Irreverente, tem dito que se soubesse que fazer 80 anos dava tanto trabalho teria ficado nos 79. O fato é que suas oito décadas de vida têm sido marcadas, ao um só tempo, pela tragédia familiar (teve o pai, ex-governador, deputado federal e advogado João Suassuna, assassinado no Rio de Janeiro em 1930) e pela construção de uma obra multifacética e coerente que funde o barroco medieval ibérico com expressões populares nordestinas.

Malu Fontes: o cangaço popular

Embora o último cangaceiro do bando de Lampião já tenha morrido (há um mês, aos 97 anos), dificilmente haverá um nordestino que nunca tenha ouvido uma referência à turma de Virgulino Ferreira da Silva, que nos anos 20 e 30 aterrorizou o interior do Nordeste. A palavra cangaço é ainda tão forte no imaginário nordestino que tem sido usada para nominar de novo cangaço os bandos armados que hoje chegam às pequenas e médias cidades do interior do país e, armados até os dentes, ameaçam a população, prendem as autoridades, inclusive e sobretudo a polícia, disparam tiros para o alto e explodem com bombas agências bancárias em assaltos cinematográficos apavorantes.