MARCO AURÉLIO PEDE PAZ E CRITICA PROTECIONISMO EM SEMINÁRIO EM PORTUGAL

O ministro Marco Aurélio Mello, do Supremo Tribunal Federal,
participou de seminário na Universidade de Coimbra, em Portugal, para debater o
mundo pós-globalização e a democracia. Em sua palestra, o ministro destacou que
a globalização não se encerrou no aspecto econômico e seguiu por outros temas.

[A integração mostrou-se social, cultural e política. O
mundo sem fronteiras não é apenas o do comércio e das transações mobiliárias,
mas também o da cultura, o das decisões políticas, o do convívio social],
disse.

Ele também destacou o processo de desconstituição da
globalização, como classificou o ressurgimento de sentimentos nacionalistas,
com medidas de elevado protecionismo econômico e ascensão do populismo com
“matrizes de direita e de esquerda”. Segundo ele, isso se deve a um
descrédito da representatividade do Parlamento.

O ministro elencou situações novas como o terrorismo
“caseiro” na Europa, aliado com as graves crises econômicas que
diversos países enfrentaram nos últimos anos, para justificar esse nacionalismo
recente. Para Marco Aurélio, a China, fechada em vários aspectos e
aparentemente livre do terrorismo explica bem o contexto.

[As graves e recentes crises econômicas e a ameaça do
terrorismo representam os principais fatores dessas transformações
significantes. Alguns insucessos e os desafios concorrenciais de uma economia
globalizada têm feito parecer que neoprotecionismos possam ser o melhor
remédio. O fator China explica bem o contexto. Quanto ao terrorismo, revela-se
com novo perfil: a Europa, multiétnica e multiconfessional, passa a sofrer com
um terror [caseiro] ou [interno], ou seja, praticado por nacionais de origens
familiares diversas, normalmente jovens seduzidos pela propaganda radical dos
grupos extremistas. Trata-se de desafio a conduzir à vigília máxima, não apenas
das fronteiras], explicou.

O ministro encerra dizendo que esse movimento representa
ameaça à paz, um direito fundamental que está ameaçado. Ao citar a resolução 39
da ONU, que diz que [os povos de nosso planeta têm o direito sagrado à paz], Marco
Aurélio lembrou que a paz [é condição de todos os outros direitos fundamentais,
senão a síntese de todos].

[É preciso amor, esperança e fé na humanidade, presente a
memória das atrocidades que nacionalismos e populismos já produziram. É preciso
acreditar na paz dos povos como objetivo maior a ser perseguido pelos
dirigentes, pelos espíritos esclarecidos, pelas almas elevadas] concluiu.
(Diário do Poder)

Foto: Marcelo Camargo ABr

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